60% dos pacientes que chegam ao Centro de Referência do Homem em São Paulo têm doenças avançadas
Cartaz do Ministério da Saúde alerta sobre os cuidados para a saúde do homem____
15/07/2011 - 15h20
As quintas-feiras, o Centro de Referência da Saúde do Homem, em São Paulo, atende principalmente aqueles que têm algum problema de disfunção sexual. Dos quase 15 mil pacientes atendidos nessa unidade, cerca de 600 estão em tratamento contra impotência, ejaculação precoce, curvatura peniana, entre outros. Ontem, 14 de julho, véspera do Dia do Homem no Brasil, a reportagem da Agência de Notícias da Aids esteve no Centro e percebeu que o assunto ainda é um grande tabu para eles.
“Não quero falar”, disse um senhor que vestia uma boina marrom com listas brancas e aparentava ter por volta de 60 anos. Um outro, mais jovem, com aproximadamente 40 anos, desconversou dizendo que só estava ali para pegar uns exames e que não era paciente.
Segundo um levantamento feito pelo Centro do Homem, 60% dos pacientes já chegam com doença avançada, pois não fizeram prevenção.
A idade dos pacientes atendido pelo Núcleo de Disfunsão Sexual varia entre 20 e 80 anos, e a grande maioria não leva a esposa por vergonha. Funcionários da unidade contam também que alguns não levam suas companheiras porque não têm uma vida sexual ativa dentro de casa, mas apenas fora com as amantes.
Dr. Claudio Murta (à esquerda na foto) é urologista no Centro de Referência da Saúde do Homem. Ele observa que entre 10 e 15% dos jovens atendidos na unidade têm alguma doença sexualmente transmissível. “Casos de HIV são poucos. Aparece mais infectados pelo HPV, gonorréia, sífilis... Mas isso significa que não estão se prevenindo”, comenta.
De acordo com o Ministério da Saúde, os homens têm mais doenças do coração, cânceres, diabetes, colesterol elevado, pressão alta e somam a maior parte dos casos de HIV e aids no Brasil. E o motivo para isso, alerta a Pasta, é que eles têm medo de descobrir doenças, acham que nunca vão adoecer e por isso não se cuidam, utilizam álcool e outras drogas em maior quantidade e se envolvem mais que as mulheres em situações de violência.
Com a pretensão de se tornar um serviço de excelência para a população masculina, como o Hospital Pérola Byington é para as mulheres, o Centro do Homem procura se aproximar dos pacientes. “Aqui o mesmo médico atende o mesmo paciente durante todo o processo de tratamento”, explicou Claudio.
Ele disse que o Centro está estudando agora a possibilidade de criar grupos com diferentes profissionais da saúde, como médicos, psicólogos e assistentes sociais, para se reunirem com vários pacientes e ajudá-los na educação de assuntos relacionados à saúde.
O Centro de Referência da Saúde do Homem pertence a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e é administrado pela organização social Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.
Centro do Homem em números:
- Quase 15 mil atendimentos por mês.
- 3 mil atendimentos ambulatoriais por mês.
- 300 cirurgias por mês.
- 60% dos homens já chegam com doença avançada, pois não fizeram prevenção.
- Mais de 10% dos atendimentos são para tratamento de câncer (próstata, pênis e testículo, rim e bexiga).
- Cerca de 20% dos tratamentos são para disfunção sexual; 30% para problemas da próstata e 30% para cálculos renais.
Homens e a aids:
Em 2008, a aids foi a quarta causa de morte entre os homens de 25 a 44 anos de idade. No Estado de São Paulo, hoje, eles respondem por 65% dos casos de HIV.
De acordo Patrícia Marques, psicóloga do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids do Estado, geralmente, os homens procuram os serviços especializados apenas quando o agravo já está bastante avançado. “Para os profissionais de saúde, tentar mudar esse comportamento conscientizando os homens sobre a importância da prevenção e do tratamento adequado é um verdadeiro desafio”, explica.
Lucas Bonanno
http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=17303
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