segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Falta de androgénios “envelhece” tecido do pénis


Especialistas alertam para tratar precocemente alterações hormonais e obesidade

2012-02-13
Durante envelhecimento, níveis de androgénios diminuem.
Durante envelhecimento, níveis de androgénios diminuem.
Um grupo de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) descobriu que a redução dos níveis de androgénios nos homens provoca alterações estruturais no tecido do pénis semelhantes às que ocorrem durante o envelhecimento, podendo originar disfunção eréctil. O estudo foi publicado no «AGE: Journal of the American Aging Association» e é dado a conhecer na semana em que se comemora o Dia Europeu da disfunção sexual, celebrado amanhã.

Os androgénios são as hormonas responsáveis pelo desenvolvimento do sistema reprodutor masculino, caracteres sexuais secundários (mudança na voz, desenvolvimento corporal por aumento da massa muscular, aumento do tamanho do pénis e dos testículos, aparecimento de pelos, etc.) e manutenção da libido no homem.
Os investigadores chegaram a esta conclusão depois de compararem o tecido do pénis de três grupos de homens: jovens e idosos saudáveis (sem disfunção eréctil nem factores de risco), e jovens saudáveis mas com níveis reduzidos de androgénios. Os estudos laboratoriais mostraram que o tecido peniano neste grupo de homens apresentava maior semelhança estrutural com o tecido dos indivíduos idosos do que com o dos outros jovens: o tecido era desorganizado, tinha menos células do músculo liso (cuja integridade e função são essenciais para a erecção) e mais células do tecido conjuntivo.

“Durante o envelhecimento os níveis de androgénios diminuem, desencadeando modificações no tecido do pénis que favorecem a disfunção. Contudo, nos indivíduos jovens com níveis reduzidos de androgénios, as alterações estruturais encontradas associam-se, de forma independente, à redução dos níveis de androgénios”, refere Inês Tomada, primeira autora do estudo.

Os cientistas explicam que os níveis de androgénios observados naquela população específica são muito reduzidos, sendo natural que os efeitos sejam acentuados. No entanto, “a partir destas conclusões, podemos admitir que qualquer redução da produção de androgénios deve ser tratada logo que possível”, conclui a investigadora.

“Após uma detalhada história clínica e avaliação bioquímica, o diagnóstico de hipogonadismo (resultante da carência de androgénios) pode ser facilmente estabelecido pelo médico especialista e, se necessário, este poderá prescrever fármacos para repor estas hormonas (em concreto, a testosterona), uma vez que os efeitos resultantes de um longo período de carência de androgénios poderão ser irreversíveis e, por si só, induzir o desenvolvimento de disfunção eréctil”, acrescenta.

A obesidade também deve ser alvo de tratamento precoce, “porque se sabe que os homens com excesso de peso têm maior risco de desenvolverem hipogonadismo, já que tendem a apresentar níveis de androgénios abaixo do normal e níveis de estrogénios aumentados”.

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