Pesquisa brasileira analisa o comportamento afetivo-sexual de pessoas maduras | |
Por Ilana Ramos |
O sexo é muito importante para a harmonia do casal, faz bem pro corpo e para a alma. Disso, todo mundo está careca de saber. O que pouca gente consegue definir mesmo é o que vale mais: a quantidade ou a qualidade. Pensado em responder essa e outras perguntas, a pesquisa Mosaico Brasil, o maior estudo sobre sexo e afeto no Brasil, realizada em 2008, analisou o comportamento afetivo-sexual de mais de oito mil homens e mulheres, entre 18 e 64 anos.
A pesquisa mapeou, ao longo de um ano, o comportamento afetivo-sexual de 8.237 homens e mulheres de dez capitais brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com a coordenadora da pesquisa Mosaico Brasil e do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), a psiquiatra Carmita Abdo, " cada país tem características culturais próprias e é muito importante fazermos esse levantamento dentro do Brasil, para mapearmos as características sexuais e afetivas resultantes da nossa educação, formação e história".
A saúde sexual está extremamente ligada à saúde física do indivíduo, mesmo depois dos 50. Pelo menos é o que revelou a pesquisa. "Ela mostrou que a pessoa que se mantém saudável ao longo da vida, que tem bons hábitos, consegue manter atividade sexual satisfatória e vínculo afetivo de qualidade, mesmo em idades avançadas. Pessoas que evitaram sedentarismo, dieta hipercalórica, fumo, álcool, drogas e vida estressante, quando mais velhas, mantinham vida sexual ativa com satisfação e vínculo afetivo positivo. Há, portanto, uma forte relação entre a saúde em geral e a saúde sexual", diz Carmita.
Outro resultado interessante da Mosaico Brasil diz respeito aos homens. Carmita conta que "cerca de metade deles, de todas as idades, declararam não estar plenamente satisfeitos com a qualidade da sua ereção. Mesmo assim, dois em cada três homens disseram estar satisfeitos com a sua vida sexual". Por que isso? Segundo o urologista e especialista em Medicina Sexual pela Universidade de Boston Eduardo Bertero, "enquanto o homem jovem, de 20 ou 30 anos, está preocupado com a quantidade e a variabilidade do sexo, homens de meia idade, com cerca de 50 anos, querem, além disso, ter uma vida afetiva satisfatória, com parceira fixa e estabilidade. Embora não façam mais tanto sexo quanto antigamente, eles prezam pela qualidade do sexo".
Embora a pesquisa tenha revelado que as mulheres tendem a estar mais satisfeitas com suas vidas afetivas do que os homens, eles também se preocupam com esse aspecto. Eduardo diz que "a maioria dos homens que eu vejo quer ter um relacionamento conjugal estável, além de uma vida sexual prazerosa. No entanto, a parte sexual ainda é a mais importante. Se o sexo não está funcionando corretamente para eles, parece até alguma doença, que algo está terrivelmente mal. No entanto, parece que isso está mudando. A mulher também quer ter prazer, também quer se satisfazer. No entanto, conforme elas envelhecem, o interesse delas pela parte sexual diminui consideravelmente, não só por questões hormonais, mas emocionais também".
Ainda segundo o estudo, 43% das mulheres já fizeram, ao menos uma vez, sexo sem vínculo afetivo, número alto que, segundo Carmita, mostra uma mudança no posicionamento feminino com relação à sua satisfação sexual. No entanto, ela diz que "a mulher considera que uma boa vida sexual é aquela onde ela consegue partilhar outros aspectos da vida com o parceiro. Quando ela consegue viver outras áreas da vida com o ele, percebe que o sexo é mais satisfatório. Já os homens tendem a valorizar mais a vida sexual mesmo. O sexo desenvolto, atraente lhe dá maior satisfação".
http://www.maisde50.com.br/editoria_conteudo2.asp?conteudo_id=8615
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