Câncer de próstata é associado à disfunção erétil
10/6/2010 11:59, Redação, com Agência USP
Poucos pacientes tem informações
sobre como tratar a doença
Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP mostra que os homens maduros associam o câncer de próstata a perda da virilidade e da identidade masculina, o que gera grande sofrimento emocional e familiar.
O trabalho aponta que as campanhas sobre saúde masculina, além de informarem o público e incentivarem o diagnóstico precoce, devem evidenciar as possibilidades de tratamento e cura. O estudo foi realizado pela psicóloga Ana Cristina Almeida Vieira, com orientação do professor Marcos Francisco Dall’Oglio.
Participaram da pesquisa 52 pacientes com diagnóstico de adenocarcinoma de próstata(câncer de próstata) e encaminhados para tratamento cirúrgico(prostatectomia radical).
– Os pacientes foram avaliados antes do evento cirúrgico e após no mínimo seis meses da realização de cirurgia. Foram submetidos à entrevista psicológica semidirigida e escala SF-36(Short-Form Health Survey) –, afirma a psicóloga.
– As entrevistas buscaram verificar as representações e fantasias relacionadas à saúde e à doença, vida afetivo-relacional e vida sexual.
A média de idade dos homens pesquisados era de 66 anos. O mais novo tinha 43 anos e o mais velho 77. “Entre os pacientes, 94% declararam ter vida sexual ativa”, ressalta Ana Vieira. Antes da cirurgia, o estudo verificou que há muita desinformação sobre o câncer de próstata, o que é agravado pelo fato de a doença ser assintomática quando em fase inicial.
– O câncer é associado à disfunção erétil e a cirurgia é vista como um obstáculo para a vida sexual.
O diagnóstico leva a um sofrimento emocional importante, com dificuldades para manter relacionamento afetivo e sexual, vida profissional e outras atividades cotidianas.
– Há um grande temor entre os homens da perda de sua identidade masculina e da própria vida –, ressalta a pesquisadora.
– Poucos pacientes tem informações sobre os recursos para tratar o câncer de próstata e as sequelas decorrentes do próprio tratamento, como eventuais problemas na função erétil.
A avaliação da qualidade de vida realizada por intermédio da escala SF-36 não detectou diferença significativa em relação à epoca do diagnóstico.
– Porém, a entrevista psicológica sinalizou que a qualidade de vida altera-se desde o momento do diagnóstico e que tais mudanças relacionam-se às questões do gênero masculino –, conta a psicóloga.
Durante a pesquisa, verificou-se que 60% dos pacientes já apresentavam disfunção erétil antes do diagnóstico de câncer de próstata.
– Mesmo assim, eles não apresentavam queixas significativas dos efeitos em sua vida sexual –, afirma Ana Vieira.
De acordo com a psicóloga, os resultados da pesquisa comprovam o que já era observado no atendimento dos pacientes com câncer de próstata. “As conclusões do estudo reforçam a necessidade de um atendimento multidisciplinar que permita o diagnóstico e o tratamento precoce, o que aumenta as chances de cura”, aponta.
– Além dos aspectos informativos, qualquer abordagem sobre saúde masculina e câncer de próstata deve considerar questões de gênero, ou seja, as representações do masculino constitutivas da identidade masculina –, acrescenta Ana Vieira.
A psicóloga lembra que o câncer de próstata é a quarta causa de morte de homens com mais de 50 anos no Brasil.
– Isso se deve ao fato de muitas pessoas não buscarem diagnóstico, inclusive por receio de se submeter ao exame de toque.
http://correiodobrasil.com.br/cancer-de-prostata-e-associado-a-disfuncao-eretil/166264/
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