sábado, 2 de julho de 2011

‘O amor romântico ainda é nosso máximo ideal’, diz psicanalista

12/06/2011 04:52
‘O amor romântico ainda é nosso máximo ideal’, diz psicanalista
Alberto Goldin fala ao BOM DIA sobre os relacionamentos de hoje – até a geografia interfere no sucesso ou fracasso de uma união

Reinaldo Chaves
Agência BOM DIA

Namorar faz bem e ajuda as pessoas a amadurecerem, seja pela alegria ou sofrimento. Mas no século 21, com tantos apelos comerciais e sensuais ligados ao Dia dos Namorados no Brasil, o que sobra de significados para um namoro?

Por exemplo, para quem não sabe, a comemoração surgiu no comércio paulista quando o publicitário João Dória trouxe a ideia do exterior em 1949 e o setor a aprovou rapidamente. O dia só foi escolhido por ser véspera do 13 de junho, dia de Santo Antônio, santo português com tradição de ser casamenteiro.

Depois de tantos anos e mudanças na sociedade, será que é possível dizer que o namoro virou algo careta? Um dos maiores psicanalistas em atividade no Brasil, o argentino Alberto Goldin, que é radicado no país há décadas atendendo adolescentes e adultos em psicoterapia individual, de casal e família, afirma que não há nada de careta.

Para ele, as velhas formas do amor apenas mudaram. “Sempre houve e sempre haverá diversos modelos de relacionamento. Dependendo de variáveis tais morar em metrópoles, cidades de interior, cidades universitárias. A geografia, com muita frequência, determina o modelo da relação. No amor nada se inventa, tudo se repete, só muda sua forma, não seu conteúdo. Amizades coloridas, casos, namoros, casamentos, todos têm seus seguidores e oferecem opções que vão depender do nível cultural, religioso e social dos protagonistas”, comenta.

Amor romântico /Toda a época tem suas histórias de amor e o que as une é sua sensibilidade (ou pieguice para alguns). Quem diria que um casal virgem e apaixonado faria tanto sucesso em pleno 2011? Esse é o par principal da saga “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer.

Para Goldin, isso mostra que o amor romântico nunca sai de moda por ser o ideal que todos sonham, até os adolescentes de hoje. “O amor romântico continua sendo o máximo ideal moroso. Por não se concretizar, resulta ser o mais generoso. É o modelo típico da adolescência, ainda que hoje a sexualidade ofereça uma opção tão fácil como perigosa. O amor romântico espera, não tem pressa. O sexo em troca é imediato, resolve a tensão e, por isso, ameaça o futuro”, diz.

Quanto às questões de fidelidade e traição, para ele não há simplicidade e dependem muito do histórico do casal, além do que a fidelidade se tornou mais difícil nos tempos modernos.

“É fácil resolver isso quando os casais estão intensamente apaixonados e a fidelidade é natural e espontânea. Nas relações mais prolongadas se resolve de modo saudável por força de repressão e controle dos ciúmes, um de seus efeitos mais frequentes. As traições esporádicas, às vezes com dramáticas consequências, denunciam a precariedade do sistema. Cada relacionamento deve elaborar o melhor modo de agir para conservar o respeito pelo parceiro e respeito pelas próprias necessidades. A fidelidade perfeita e definitiva resulta ser um ideal difícil de sustentar nos dias de hoje”, aponta.

Mas afinal, para que serve um namoro hoje, doutor? A resposta é simples: cada um escolhe. Não há um objetivo geral que todos devam alcançar.

“Opera a dialética do possível. O mercado amoroso oferece intercâmbios variáveis entre juventude, beleza, poder e dinheiro. Cada pessoa, em cada momento de sua vida, tem que escolher”, diz.

Mas sobre a principal cobrança e expectativa hoje em uma relação, Goldin ressalta que todos querem sempre o mesmo: “constância e fidelidade”. Simples, mas nem sempre fácil.

Casamentos acontecem cada vez mais tarde

As últimas estatísticas sobre relacionamentos no país mostram que as pessoas estão mais interessadas em namorar por mais anos antes de casar.

As estatísticas do Registro Civil de 2009 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que homens e mulheres estão se casando mais tarde. Os homens agora se casam com 29 anos. As mulheres, com 26, em média. Dois anos a mais do que em 1999, penúltimo levantamento sobre o tema.

Isso ocasionou uma redução no número de casamentos no Brasil. Nos cartórios, foram registrados cerca de 935 mil casamentos no país, em 2009. Uma redução de 2,3% em relação ao ano anterior. Em sete anos, é a primeira vez que isso acontece. Segundo Adalton Bastos, gerente da pesquisa, um número menor de casamentos coletivos em 2009 pode ter contribuído para a queda na taxa de nupcialidade.

Comparando 1999 e 2009, houve também crescimento dos divórcios entre os casais sem filhos, passando de 25,6% para 37,9%, e entre os que tinham somente filhos maiores, de 12,0% para 24,4%.

Os dados também mostraram que nas últimas décadas, mesmo com o crescimento das uniões registradas nos últimos anos, o país ainda não voltou ao patamar de casamentos da década de 1970. A comparação é dada pela taxa de nupcialidade, que consiste no número de casamentos a cada mil habitantes de 15 anos ou mais. Em 1974, a taxa era de 13 casamentos por mil habitantes. Em 2009, o patamar era de 6,5 casamentos por mil habitantes. No ano anterior, de 6,7 casamentos por mil habitantes.

Outra novidade que a pesquisa mostrou é que aumentou o número de brasileiras mais velhas que os maridos. O mais comum ainda é o marido ser mais velho que a mulher. Mas isso está mudando. Cada vez mais, elas se casam com homens mais novos.
http://www.redebomdia.com.br/noticias/dia-a-dia/56754/alberto+goldin+fala+ao+bom+dia+sobre+os+relacionamentos+de+hoje

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