Pesquisa afirma que a zona
erógena é pura ilusão; conversamos com 10 feras no assunto
Julia
Reis, iG São Paulo
Recente pesquisa
britânica trouxe um velho tema às manchetes: o ponto G. Segundo o estudo
do londrino King's College, a zona erógena feminina - que seria capaz de elevar
o prazer ao nível máximo - pode ser fruto da imaginação das mulheres - estimuladas
pela mídia. Para debater a questão, o Delas conversou com especialistas no
assunto, que colocam o tal ponto mágico no seu devido lugar.
"O
ponto G não é anatomicamente definido. Ele é imaginário e habitualmente
relacionado ao teto da vagina, que é uma zona erógena bem próxima ao clitóris.
Por ser muito sensível, gera excitação e lubrificação.” César Eduardo Fernandes, ginecologista e presidente
da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo.
“Apontar
a existência do ponto G é estigmatizar a mulher, o que cria apenas ansiedade e
cobrança. O ponto G é uma resposta sexual feminina a um estímulo associado ao
desejo, porém diversos fatores - como fisiológico, psicológico e emocional -
determinam qual é a capacidade da mulher se entregar na relação." Paulo Bonança, psicólogo, sexólogo e membro da
Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana.
“Eu
não acredito em Ponto G. Há uma rugosidade diferente em determinada área da
vagina, mas isso não quer dizer que as mulheres sintam mais prazer naquele ponto,
tudo depende de como ela for estimulada. Na verdade, costumo brincar que a
mulher tem dois pontos G: um em cada ouvido.” Sylvia Faria Marzano, urologista, terapeuta sexual
e diretora geral do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina
Psicossomática (ISEXP).
“A
existência (ou ausência) do Ponto G não é fundamental para que a mulher sinta
prazer, e sim o conhecimento dos seus próprios pontos sensíveis: estimular a
mama, a nuca ou até mesmo entre os dedos dos pés pode gerar muito prazer.” Alfredo Romero, especialista em sexualidade e
diretor do Instituto Brasileiro para a Saúde Sexual.
“Cada
mulher tem um ponto especial, um desejo, um tipo de toque. Ela descobre
locais de prazer que pode dar o nome de ponto G, ou não”. Otavio Leal, professor de tantra.
"Eu
não acredito em ponto G, o abecedário é muito grande e o G fica no meio do
caminho. A mulher até pode ter um espessamento maior no ponto da vagina que
fica atrás da bexiga - pesquisadores dizem ser uma reminiscência da próstata
que não se desenvolve no período de gestação - porém também existem outras
áreas sensíveis. O prazer dela está mais ligado a sua autoestima, ao parceiro e
principalmente ao autoconhecimento. A mulher pode gozar muito mais com o
carinho do que com a penetração, tudo depende do momento em que ela
está.” Amaury Mendes Júnior, sexólogo e terapeuta.
“Cada
pessoa tem pontos específicos com maior sensibilidade, essas são as zonas
erógenas, áreas do corpo que apresentam maior irrigação nervosa. Dizer que
existe um ponto G é algo exagerado.A região do períneo (entre a vulva e o
ânus), por exemplo, é muito sensível ao toque, e existem outras áreas do corpo
que também podem ser estimuladas. O segredo é ter autoconhecimento, descobrir o
que pode ser excitante e explicar isso para o parceiro." Ivaldo Silva, ginecologista e professor do
Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
“Por
não ser um ponto específico, o ponto G ganha agora o conceito de ‘área’,
que é chamada de ‘plataforma orgástica’. Essa região localiza-se na parede
vaginal, bem no começo. Durante o ato sexual, a melhor posição para favorecer o
contato de área com o pênis é quando a mulher fica por cima do homem e faz o
movimento para frente e para trás." Rosana Simões, ginecologista e professora da
UNIFESP.
“Na
literatura médica, o ponto G existe sim e está localizado na parede interna no
começo da vagina, sendo essa uma região de sensibilidade maior que as demais
áreas. Porém, com os avanços no estudo sobre a sexualidade, descobriu-se
que o clitóris chega a ser mais sensível do que o ponto G. De qualquer forma,
não há uma receita, cada mulher tem que descobrir o que lhe dá mais
prazer.” Dr. Francisco Carlos Anello, médico
ginecologista e especialista em sexualidade.
“Não
se trata de imaginação, como algo que inexistente. Ocorre que as sensações
sexuais e eróticas passam por um processo mental - são registradas no cérebro e
então passam a existir fisicamente. Além do ponto G, muitas partes do
corpo são erógenas, algumas delas extragenitais, que podem também conduzir ao
orgasmo, desde que o ponto passe a receber estímulos e direcionamento
erótico-sexual." Oswaldo
M. Rodrigues Jr., psicólogo e diretor do Instituto Paulista de Sexualidade
(Inpasex).
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