sábado, 17 de dezembro de 2011

Virgindade aos 30 anos vira tema de reality show


11.12.2011 | 15:31
'The Virgin Diaries', que estreou recentemente nos EUA, explora situações constrangedoras de casais que resolveram esperar
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Estreou no último domingo (04), no canal TLC dos EUA, um reality show que promete causar polêmica. Como o próprio nome entrega, “The Virgin Diaries” acompanha a rotina de homens e mulheres já maduros que estão se casando virgens – a idade da maioria gira em torno dos 30 anos. A inexperiência de alguns integrantes vai além do fato deles nunca terem praticado sexo, como deixa claro um comercial que promove a curiosa atração. Nele, o casal formado por Ryan, de 31 anos, e Shanna, 27, dá seu primeiro beijo em pleno altar, logo após os dois dizerem “sim” e aceitarem um ao outro como marido e mulher. Tal qual uma criança que imita desajeitadamente uma cena de filme, o rapaz beija a noiva de maneira atabalhoada e acaba provocando gargalhadas inevitáveis nos convidados e nos familiares. O beijo de Ryan não espanta só por ter sido o primeiro dado em sua noiva, mas por ser o primeiro em toda a sua vida – o que é bem esclarecedor sobre a falta de habilidade dele. Shanna já tinha beijado outro rapaz, vivência insuficiente para promover o mínimo de jogo de cintura na cena.

Apesar da farra que o reality promove diante da inexperiência extrema dos casais, a questão de manter a virgindade até o casamento está longe de ser fator isolado num programa de televisão. Jovens decidem ter a primeira relação sexual só após trocarem alianças. Essa decisão é majoritariamente influenciada pela religião, mas há também outros motivadores, como a ideia de se guardar para alguém especial.

“Eu tomei essa decisão quando era menina, nem tinha namorado ainda. Eu fui orientada pelos meus pais para entender o sexo como algo bonito, divino, mas que precisa ser feito no tempo certo, que é depois do casamento”, conta Amanda Neuman, que tem 21 anos e mora em Aracajú (SE). Evangélica, ela se apoia na fé para lidar com a sua libido. “O desejo sempre existe, não nego, mas você precisa alimentar o espírito para poder vencer a carne. Como se faz isso? Orando, lendo a bíblia e se evolvendo com as atividades da igreja”, explica Amanda.

Amanda está de casamento marcado para 2012 com o seu noivo, o agente fiscal Danilo Silva, 25, que também é virgem. “É muito mais difícil para o homem. Porque para a mulher ainda é bonitinho ela ser virgem, muitos pais gostam e apoiam. Já o homem tem que perder a virgindade cedo, nem que seja num prostíbulo. Ele é muito mais cobrado”, diz o sergipano, ciente que sua atitude é vista com estranhamento por muitas pessoas. “Nós tentamos lutar o máximo contra o desejo. Ele existe, mas não pode nos dominar. A gente evita conversas, ambientes e pessoas que possam representar tentações”, completa Danilo.

O casal de Sergipe é partidário do movimento pró-virgindade “Eu escolhi esperar”, que surgiu nas igrejas evangélicas e atrai seguidores de outras religiões, como os católicos. A ideia ganhou força nas redes sociais: a campanha tem 72 mil seguidores no Twitter (@EscolhiEsperar) e mais de 135 mil fãs no Facebook. “O objetivo é dar apoio às pessoas que decidem se guardar para o casamento. Muitas vezes os jovens que fazem essa escolha são motivo de deboche dos amigos. É uma maneira de conhecer e conversar com pessoas que compartilham o mesmo pensamento”, esclarece o pastor Nelson Júnior, 35, idealizador do projeto.

O médico Francisco Carlos Anello, ginecologista e especialista em sexualidade, interpreta a valorização da virgindade com um movimento natural na sociedade. “Depois de um período de muita liberdade sexual, como vimos recentemente, é comum surgir uma onda mais conservadora. É cíclico”, diz.Especialista em uroginecologia e professora de sexualidade, Débora Pádua faz ressalvas: “As pessoas precisam estar bem informadas sobre o sexo, mesmo não transando. Elas devem conhecer os próprios corpos e conversar sobre o assunto, para evitar um completo estranhamento na primeira vez”, avalia a expert, que aponta um risco dessa decisão. “Eu já tive casos de homens que se casaram virgens e só descobriram que tinham ejaculação precoce ou alguma disfunção sexual depois do casamento”, alerta Débora.

Danilo diz não ter medo deste tipo surpresa na noite de núpcias. “Se Deus orientou para você fazer as coisas desse jeito, ele organizou todas as coisas para funcionar neste dia também”, aposta. 
http://gazetaweb.globo.com/v2/entretenimento/texto_completo.php?c=246725

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