sábado, 21 de janeiro de 2012

Sexo e prazer na gestação. Por que não?


MUITO PRAZER

Publicado em 20.09.2011, às 08h42

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Foto: Arquivo
Por Silvana Melo
Uma enxurrada  de hormônios percorre todo seu corpo. Os  seios tornam-se mais inchados, mais doloridos, ao mesmo tempo em que surge uma vontade de chorar por qualquer motivo. Parabéns , você está grávida! É... com a gravidez muita coisa se faz nova e a vida sexual faz parte dessa novidade. Tal momento poderá originar um aprofundamento da experiência sexual do casal, aumentando a cumplicidade ou gerar dificuldades. 

É lógico que o excesso de sono, os enjoos, o cansaço, as alterações de humor, além dos mitos e tabus podem influenciar na frequência sexual do casal grávido. No entanto não devem impedir tal prática nem tampouco, o prazer. Estudos constatam que, quanto maior for a frequência sexual prazerosa durante a gestação, maiores serão as chances de nascer um bebê saudável.  No ato sexual, há um aumento do fluxo sanguíneo na região pélvica feminina e isso promove o aumento de oxigênio para o feto. Além do mais, no momento do orgasmo, ocorre a liberação de endorfina, que promove uma sensação de bem estar tanto para o bebê  quanto para a mãe. Mesmo com esses benefícios, o fato é que, na prática, é extremamente comum se verificar graus variados  de diminuição do desejo, podendo chegar ao desinteresse total, tanto por parte da mulher quanto do homem. 

Mas por que será que algumas mulheres quando estão grávidas se acham lindas, maravilhosas e até sentem mais desejo sexual, enquanto outras percebem seu corpo deformado, se enxergam feias e têm o desejo diminuído? Nesse caso, é importante considerar a visão que cada mulher tem de si mesma, da sexualidade feminina e da fertilidade. Infelizmente, a ideia de que a mulher  grávida é pura e assexuada povoa  o inconsciente de muitos. A imagem da “mulher ideal”, aquela “feita para casar e ser mãe” assumiu os atributos da “Mãe Divina”: beleza, bondade e... castidade.  Mas será que sempre foi assim? Não!!! 

Convido você agora, a fazer uma grande viagem no tempo. Nos primórdios da humanidade, vivíamos num sistema matriarcal onde o sexo era sagrado e toda mulher era considerada uma “deusa” . Naquela época, o símbolo do poder feminino era o ventre fértil e enorme! Assim, a autoestima feminina era elevada e a mulher tinha plena consciência de sua beleza. No entanto chegou um tempo em que o homem descobriu sua participação na concepção e interpretou ser dele todo o poder da criação. A partir daí, se instalou o patriarcado. O símbolo do poder passou a ser o pênis e não mais o ventre. O sexo passou a ser pecado e a imagem feminina, associada ao mal.  Mas como cumprir o  “Crescei e multiplicai-vos”  sem o sexo? Assim, ao longo da história,  a relação sexual passou a ser permitida apenas dentro  do casamento e exclusivamente para a reprodução.  Lembro  de minha avó contando a vergonha  que uma mulher mais velha vivenciava quando engravidava e seu ventre crescia.  Ali estava a “prova viva”  do grande pecado: o sexo continuava sendo praticado e isso era um horror!!! Afinal, já tinha quase idade de ter netos! E quando uma moça engravidava fora do casamento???!!! Cruzes!!! Lançavam mão de cintas apertadas para esconder a barriguinha que insistia em se tornar um barrigão!
                                                                                                              
O fato é que, à medida em que o princípio masculino se  tornou mais dominante, a apreciação da natureza sagrada feminina se instalou nos recônditos do inconsciente e está até hoje  guardada a sete chaves na mente de muitas mulheres. E é exatamente essa natureza que precisa ser recuperada, pois ela é vital para o resgate da autoestima e da sexualidade feminina; que é sinônimo de vida, amor, paixão, fertilidade, alegria, beleza e de energia criativa.

Durante o período da gravidez, o sexo favorece o desenvolvimento do erotismo na mulher. Por isso, é importante o casal reservar um tempo para namorar e fazer programas a sós. Podem abusar da criatividade. Sexo não se restringe à penetração. Inclui toque, beijo, masturbação, um  banho relaxante e muito mais... Jogos eróticos, novas posições e novas fontes de prazer! Essas experiências amorosas e sensuais marcarão o início de uma vida sexual mais prazerosa para o casal.  

E agora, diante de todo esse conhecimento, você, gestante, pode ir sentindo que está vivendo um momento mágico: a gestação – símbolo da fertilidade e do poder feminino.  Ao valorizar a natureza prazerosa, autoconfiante e sensual da mulher, você pode ir entrando em contato mais facilmente com esse poder valioso dentro de si. Restaurando e trazendo para sua consciência a força criativa e amorosa da natureza feminina. Assim, você vai resgatando ou estabelecendo sua autoestima: se sentindo linda, maravilhosa, poderosa e merecedora de prazer em todas as esferas de sua vida, inclusive na sexual (mesmo estando grávida!).   

Pensem  nisto!  E... Muito prazer pra vocês!!!

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