sábado, 30 de junho de 2012

Existe vida sexual pós-gravidez?


COTIDIANO / AMOR & SEXO

27.06.2012 | 04h00 - Atualizado em 26.06.2012 | 21h45

Segundo as mães suecas, sim: 38% dizem ter relações semanalmente

DO IG
O bebê chora, o bebê quer mamar, o bebê precisa de alguém para trocar a fralda. Ser mãe não é fácil. Mas não significa que o resto da vida está perdido, nem mesmo a vida sexual. Em uma pesquisa realizada pela revista especializada “mama”, publicação da Suécia, 38% das mães do país afirmaram manter relações sexuais uma ou duas vezes por semana. Os dados repercutiram na imprensa dos Estados Unidos, fazendo muitas mães se perguntarem como as suecas estão conseguindo.
É possível que elas levem uma vida menos atribulada, mas se elas têm você também pode ter. Se estiver interessada, claro.

A pesquisa da “mama” mostrou ainda que 36% das mulheres voltaram a ter relações sexuais um ou dois meses após o parto, enquanto 26% delas retomaram a vida sexual três ou quatro meses depois. Essas variações dependem de como é relação do casal e o cotidiano de cada um. Mas de maneira geral, de acordo com o ginecologista e sexólogo Amaury Mendes Júnior, professor e médico do Ambulatório de Sexologia da UFRJ, é realmente difícil retomar a frequência sexual antes de seis meses de pós-parto.

Quem mexeu no meu desejo?
Há várias razões para a diminuição da libido, de ter ou não ajuda para cuidar do filho a um marido mais ou menos atencioso. Além disso, a prolactina (hormônio liberado pela mulher para estimular a produção de leite) inibe o desejo sexual e, por mais que ela ame e queira o marido, o tesão tende a diminuir. “Dificilmente você verá uma mulher nessa fase da vida cheia de vontade de transar”, afirma a obstetra e terapeuta sexual Junia Dias de Lima, também membro da Febrasgo (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia). Mas não quer dizer que não possa acontecer.

Por causa do resguardo pós-parto, um casal usualmente pode voltar a fazer sexo por volta de 30 a 40 dias após a chegada do bebê. E, depois disso, o foco já não é mais o casal, mas o bebê. Por isso, de acordo com a ginecologista e sexóloga Elsa Gay, da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo), é natural que a mulher dê mais ênfase ao novo papel, o maternal, enquanto o erótico fica um pouco apagado. O casal, portanto, deve conversar sobre estes fatores sempre que se sentir fora de sintonia.

Machismo em xeque
A realidade sueca é bem diferente da brasileira e o debate sobre a igualdade entre os sexos é bem adiantado por lá. A vida sexual dos brasileiros também pode sair perdendo com o machismo nessas horas.

Na Suécia, a emancipação feminina já ocorre há mais tempo e as mulheres, segundo Amaury, são mais independentes em relação aos próprios desejos. Aqui, por outro lado, a chegada do bebê ainda mexe com muitos valores sociais – a mulher pode questionar a garantia desse bebê, por exemplo –, o que pode também dificultar o retorno da vida sexual.Sexo em uma cama, bebê em outra
A obstetra e sexóloga clínica Franciele Minotto levanta outro ponto capaz de dificultar a vida sexual pós-filhos: a falta de privacidade do casal, que está com o bebê 24 horas por dia.
Na Suécia, isso não é um problema: três a cada 10 mães, segundo a pesquisa realizada pela “mama”, disseram ter relações sexuais mesmo com o bebê ali, na mesma cama. Segundo Amaury, isso também acontece com frequência nas casas brasileiras. “Mas é uma atitude absolutamente irresponsável e inadequada”, diz o médico.

A atitude não é boa nem para o bebê, nem para os pais. “Se os filhos continuam a dormir sempre no quarto do casal, as situações sexuais começam a se tornar cada vez mais rápidas, silenciosas e monótonas, o que leva a insatisfação e perda da intimidade”, acrescenta Franciele

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