domingo, 5 de junho de 2011

Mulheres não se acham bonitas, mas veem beleza nas outras

03/06/2011 -- 11h07
Mulheres não se acham bonitas, mas veem beleza nas outras
Pesquisas sobre a relação feminina com o próprio corpo e aparência detectam o quanto a ditadura da beleza ainda afeta mulheres em todo o mundo

Quando o assunto é a aparência feminina, as próprias mulheres são suas piores críticas
Após seis anos do primeiro estudo sobre a real beleza, em que constatou que apenas 2% das mulheres se sentiam à vontade para se descrever como belas, a Dove – marca de produtos da Unilever - voltou a campo em uma pesquisa de escala global, "A Verdade sobre a Beleza", para mapear o que mudou na percepção delas em relação ao tema, como elas se vêem hoje e como isso afeta no comportamento atual.

Conduzida pelo instituto de pesquisa inglês StrategyOne, que conversou com mais de 6.400 mulheres, com idade entre 18 e 64 anos, de 20 países, a pesquisa detectou que, mundialmente, a proporção de mulheres que se sentem seguras para se classificar como bela dobrou de 2% para 4%. No Brasil, este número recebeu uma significativa melhora, foi de 6% para 14%, diferentemente de países onde o índice piorou.

No entanto, a pesquisa indica um paradoxo: apesar de não conseguirem reconhecer sua própria beleza, 80% das mulheres enxergam a beleza nas outras, concordando que toda mulher tem algo que é belo. "Há uma aparente falta de lógica no cerne do relacionamento da mulher com a beleza. Achamos importante vermos a beleza nas outras, mas muitas vezes deixamos de valorizar a nossa própria beleza", conclui Susie Orbach, psicanalista inglesa, fundadora do Centro de Terapia da Mulher, conhecida mundialmente por ter tido como paciente a princesa Diana e que ofereceu consultoria à Dove na condução da pesquisa.

De acordo com a psicanalista Joana de Vilhena Novaes, Coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do LIPIS (PUC-Rio), para as mulheres, ser bela pode ser traduzido em uma competência para achar o cobiçado par amoroso e em ter a aprovação do outro. "A pesquisa aponta claramente que ser bem-sucedida, para a mulher contemporânea, está relacionado a ser vista como bela. Trata-se de uma contradição do olhar feminino para consigo mesma, uma vez que há o entendimento de que a beleza não se encerra na estética, mas ainda assim a mulher não se sente bela, não se vê como bela", ressalta.

"Acreditamos que as mulheres mais belas não são necessariamente as que nascem com mais, mas as que sabem aproveitar ao máximo aquilo que têm com simples cuidados no dia a dia", defende Renato Rossi, gerente de marketing da marca Dove.

Para disseminar a causa, a marca lançou uma campanha que tem as mídias sociais como uma das principais ferramentas. "Esta interface permite maior engajamento com as mulheres e uma verdadeira troca, nosso maior objetivo. Queremos mostrar o que descobrimos e possibilitar que elas falem de sua própria experiência e anseios", enfatiza Rossi. No Facebook, a fanpage da marca (www.dove.com.br/beleza) promove um debate entre internautas, blogueiras e formadoras de opinião. A campanha fornece ainda um aplicativo interativo, no qual a usuária pode gerar um avatar formado por elogios. Nessa brincadeira, as mulheres poderão fazer o upload de uma foto sua e convidar dez amigas a dizer o que elas mais gostam em seu corpo. A partir das respostas, o aplicativo cria um avatar estilizado com todas as palavras de elogios recebidas pela usuária.

Beleza: fonte de confiança, não de ansiedade

Neste estudo foi constatado que a beleza é uma fonte significativa de ansiedade e isso se reflete na satisfação das mulheres com o bem-estar e suas vidas. De 2004 para 2010, caiu de 80% para 70% (10 pontos percentuais) o número de mulheres que dizem estar satisfeitas com sua vida e bem-estar em geral. Os únicos países que mostram um aumento na satisfação com vida e bem-estar são o Brasil, passando de 68% para 77%, e os Estados Unidos, de 89% para 94%.

Nota-se também que as mulheres das nações em desenvolvimento são as mais satisfeitas e confiantes em relação à vida (83%) e à sua própria beleza (80%) em comparação as das nações desenvolvidas (68% e 55%, respectivamente).

Enquanto 92% afirmam que cuidar de si mesmas é importante para se sentir bonita, sentimentos sobre beleza também estão relacionados a outras coisas: 86% acreditam que a beleza pode ser alcançada por meio de fatores que não têm nada a ver com a aparência física, como cuidar bem de si mesma (92%), fazer algo que você realmente gosta (91%), ser amada (90%), estar em boa forma física (85%), ter amigos (84%), ser profissionalmente bem sucedida (83%), ter um relacionamento/casamento estável (83%), gostar de como você se vê no espelho (81%), ser financeiramente bem sucedida (79%) e ser elogiada por outros por sua aparência (75%).

Mulheres: elas são suas piores críticas

Mais de 672 milhões de mulheres em todo o mundo se furtam de realizar seu pleno potencial no que diz respeito à beleza. Um dos principais obstáculos para essas mulheres é que em tratando de sua própria aparência, elas mesmas são suas piores críticas.

O estudo ainda mostra que a maioria das mulheres de todo o mundo admite que sente pressão para ser bela (59%) e, para 32%, a maior pressão vem delas mesmas, mais do que qualquer outra fonte, incluindo a sociedade (12%), amigos e família (9%) e a mídia (6%). "Essas estatísticas são devastadoras, temos uma crítica interna selvagem cujos olhos se amesquinham quando nos olhamos," observa Susie. Segundo a psicanalista, "infelizmente isso pode repercutir de maneira mais abrangente, minando sua autoestima, confiança e felicidade".

A psicanalista Joana de Vilhena ressalta que um olhar menos rígido, mais generoso, mais confiante e, sobretudo, mais complacente, certamente redundará em uma relação mais prazerosa, serena e confiante consigo mesmas. "Nenhum homem é um algoz mais rigoroso do que as próprias mulheres, que, vale dizer, se arrumam para outras mulheres".

Essa pressão interna para ser bela é um fenômeno global, mas é mais prevalente entre mulheres da Romênia e Rússia. A metade das mulheres nesses países diz que a maior pressão para ser bela parte delas mesmas.

Atributos

Ao serem questionadas sobre os atributos que mais gostam em si mesmas, a pesquisa constatou um dado alarmante. Em meio a olhos (57%), boca/sorriso (42%) e cabelos (38%) e 4% não gostam de nenhuma parte em si mesma. Apesar de este percentual parecer baixo, ele representa 50 milhões de mulheres nestes países. A pesquisa mostra ainda que aqueles que elas menos gostam são os relacionados a peso: barriga (36%), cintura (17%) e quadris (15%).

Potencial de beleza: todas podem fazer a diferença

A pesquisa também revelou que 72% das entrevistadas consideram que as mulheres mais belas são as que aproveitam mais o que têm, entretanto quase a metade diz que não faz isso, mesmo concordando que têm o potencial de serem mais belas.

Embora as mulheres sejam confiantes em relação a sua beleza, alguns dados demonstram a batalha diária que travam com o assunto:

51% admitem que não estão maximizando o seu potencial. Essas mulheres sabem que têm potencial para melhorar, mas não fazem nada além do que já estão acostumadas;

Elas se esforçam por uma beleza individual, com 92% delas afirmando que querem se ver melhor ao invés de seguir ideias de outras pessoas em relação à beleza;

87% acreditam que as mulheres mais bonitas não são aquelas que já nasceram assim, e sim aquelas que sabem valorizar o que têm de melhor;

40% das pesquisadas afirmam que teriam uma imagem mais positiva agora se tivessem tido uma definição mais saudável de beleza antes. Por isso, é preciso mudar o quanto antes esses estereótipos impostos nos dia de hoje.

63% das mulheres brasileiras entrevistadas afirmaram gastar, por dia, mais de 20 minutos com sua rotina de beleza. E 81% delas apreciam o processo e os resultados do ritual de cuidados pessoais.
http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-34--11-20110603-201106051-1-385366

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