domingo, 5 de junho de 2011

O amor na “idade dos amores”

Sexualidade
Por psiadolescentes
O amor na “idade dos amores”

A sexualidade na adolescência é um dos “tabus” da nossa sociedade. A meu ver as principais razões para isto prendem-se com o facto de ser um assunto difícil (tanto para adultos como para os adolescentes), ligado a determinados medos, vergonhas, dúvidas e o grande receio que falar sobre sexo leve a inicio precoce de relações sexuais.

No entanto o que é certo é que os estudos actuais revelam que a educação sexual e aconselhamento sobre sexualidade levam a:

Maior utilização de contraceptivos (ex: preservativos)
Menor número de parceiros
Início mais tardio da vida sexual (numa altura em que a maioria dos adolescentes despertam cada vez mais cedo e de forma prematura para a vida sexual)
Menor probabilidade de gravidez precoce
Maior conhecimento sobre a noção de fertilidade e prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (Ex: VIH- Sida)
Falar de sexualidade é importante, afinal é um assunto normal e é parte integrante de uma vida completa e saudável!

A Organização Mundial de Saúde define assim a Sexualidade:

Sexualidade é “uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental”.

Tentando traduzir isto por miúdos a sexualidade inclui: a nossa auto-imagem (como nos sentimos, como no vemos); a partilha de momentos (bons e maus); tocar (beijar, abraçar, acariciar); fantasias (eróticas, mas também de vida); confiança e respeito; capacidade de perdoar; atracção e erotismo… a sexualidade é bem mais que o acto sexual em si!

Sexo e o Cérebro
O instinto/ impulso sexual tem origem no Cérebro.

É algo essencial para a continuidade da espécie, de um ponto de vista biológico a nossa forma de nos reproduzirmos leva à mistura de genética que é um método eficaz para seleccionar melhores genes e reduzir o número de anomalias.

Determinadas zonas cerebrais (límbicas) formam um sistema complexo de recompensa e prazer associados à sexualidade, que por sua vez podem desligar outras áreas cerebrais, nomeadamente aquelas ligadas ao raciocínio mais complexo e à avaliação do risco!

Os homens e as mulheres apresentam diferenças subtis entre os cérebros, em média:

Os homens: Tem mais capacidade de cálculo numérico, de visualização espacial e mais agressividade inata.
As mulheres: Tem mais capacidades verbais e maior capacidade de socialização/ empatia.
Esta pequenas diferenças acabam por interessar pois levam a uma diversidade na forma de encarar as várias situações e no que toca ao amor/ sexualidade, enriquecendo o conjunto!

A construção de uma identidade sexual é uma etapa da Adolescência
Depende sobretudo do modo como foram integradas as mudanças físicas decorrentes da puberdade, da relação estabelecida com as figuras parentais, das experiências vividas com os pares e das primeiras experiências amorosas.

Esta identidade sexual pode ser dividida em dois componentes:

Identidade de Género: que é a convicção íntima em relação ao sexo a que pertence (Masculino ou Feminino), independentemente da forma do corpo. É normal que durante fases do desenvolvimento existam períodos de predomínio de aspectos femininos no rapaz e masculinos na rapariga.
Orientação Sexual: que é a preferência da pessoa para estabelecer vínculos sexuais (Heterossexual, Homossexual ou Bissexual). É também normal que durante fases do desenvolvimento existam períodos de flutuação e aprendizagem de ambos os papéis
Tanto a Identidade como a Orientação são consolidadas no final da adolescência e o seu resultado depende de uma mistura de factores genéticos, neuroquímicos e sociais.

Algumas questões frequentes sobre Sexualidade na Adolescência:
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Quando é que se está preparado para ter sexo?

Trata-se de uma pergunta complicada uma vez que a sexualidade tem vários componentes!

Focando apenas a questão de ter relações sexuais (penetração), estudo indicam que a maioria dos jovens portugueses tem a sua primeira relação sexual após os 16 anos.

A nível físico pode-se dizer que pouco tempo depois da puberdade o corpo humano está preparado para ter relações sexuais, sem grandes consequências, sendo habitualmente referidos os 14 anos como “idade segura”.

A nível psicológico as coisas complicam-se. Cada adolescente tem o seu ritmo de desenvolvimento, à partida quanto mais velhos mais preparados estarão! Os requisitos necessários para ter uma sexualidade com prazer e segurança são:

Compreender minimamente o significado e as consequências do acto sexual
Auto-estima desenvolvida ao ponto de não se sentir pressionado ou obrigado
Ter capacidade para se por “no lugar do outro”
Em conclusão e tentando responder à pergunta. Iniciar da vida sexual não tem “hora marcada”, é uma escolha do adolescente, que não deve ser precipitada e que o irá marcar em termos de desenvolvimento futuro!

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A homossexualidade é uma doença?

A resposta que tem de ser clara é: Não!

A homossexualidade é definida pela preferência sexual por pessoas do mesmo sexo, tanto a nível de pensamentos ou fantasias, como a nível das emoções ou dos comportamentos sexuais. Trata-se de uma característica estável e duradoura da pessoa.

É difícil definir ao certo mas pensa-se que 2 a 5% dos homens e 1 a 3% das mulheres tenham orientação sexual homossexual predominante.

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Qual a causa da homossexualidade?

Não sabemos ao certo. Possíveis determinantes são a influência genética, influência hormonal in útero, o ambiente social ou as primeiras experiências sexuais.

Provavelmente uma mistura destes vários factores contribui para este tipo de orientação.

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A educação sexual é importante?

Mais importante que a opinião dos adultos é a opinião dos adolescentes, neste caso existem estudos que demonstram que mais de 90% dos jovens acha muito importante a educação sexual e que a sexualidade deve ser um assunto falado na escola.

O objectivo da educação sexual é “que o adolescente viva uma sexualidade mais saudável, com menor risco de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez indesejada”.

Na realidade não é só na escola que esta questão se põe. A educação sexual é feita por colegas, amigos, familiares, professores, pelos meios de comunicação social e vários outros.

Os pais têm um papel fundamental, afinal se são os principais educadores noutras áreas porque não no campo da sexualidade? E o que os estudos nos mostram é que os programas de educação sexual nas escolas tem resultados positivos, especialmente quando os pais estão envolvidos!

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Como falar de sexo com os pais?

Tal como os pais, os adolescentes muitas vezes também ficam constrangidos ao falar deste assunto. Mais uma vez é normal, mas não é desculpa para não o fazer.

Os pais (e outros adultos) são fontes importantes de conhecimento, mas para além disso são também pessoas que se preocupam com o adolescente e que podem dar apoio emocional.

Algumas dicas:

Ser frontal. Não ter medo de falar. Provavelmente os pais estão ansiosos por falar disso com o adolescente.
Escutar. Ter uma conversa sobre sexo é algo intimo, provavelmente difícil para as duas partes, não só falar das experiências e dúvidas é importante, mas também ouvir o que o outro tem para dizer.
Não há perguntas “parvas”. Será provavelmente por medo de fazer as “perguntas erradas” ou por se ter vergonha de determinadas ideias, que o campo da sexualidade está cheio de informações erradas. Se uma pessoa não tira a dúvida arrisca-se a ficar preso a ideias que não são verdade.
Pedir ajuda quando necessário. Em situações de pressão ou de ansiedade, os adultos em geral e os pais em particular, são aliados preciosos.
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O que leva os adolescentes a ter comportamentos sexuais de risco?

Quando falamos de comportamentos sexuais de risco estamos a falar de relações sexuais associadas ao álcool ou a drogas, desprotegidas, com parceiros ocasionais ou com múltiplos parceiros.

As consequências destes comportamentos podem ser doenças sexualmente transmissíveis (ex: HIV, Hepatites e outras), gravidez indesejada, risco de violência (ex: violação ou abuso).

Apesar de a adolescência ser por si só propensa a comportamentos arriscados, e do facto de quando estamos apaixonados determinadas áreas do cérebro ligadas à avaliação de risco estarem “a funcionar menos” existem alguns factores extra que podem levar o adolescente a estar em maior risco:

Abuso de drogas ou álcool
Ausência de hobbies, desportos ou outros
Pais demasiado controladores ou demasiado ausentes
Dificuldades económicas
Abuso sexual na infância
Problemas psiquiátricos não tratados
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Quais as consequências da gravidez na Adolescência?

Dependem sobretudo do resultado desta gravidez.

A gravidez e o parto estão associados a maiores complicações físicas na adolescência, uma vez que o sistema reprodutor feminino não está completamente desenvolvido.

Os abortos (provocados ou espontâneos) são muitas vezes traumatizantes, podendo levar a situações de depressão ou ansiedade.

A parentalidade precoce interrompe a preparação social e económica dos jovens pais, levando a que estes jovens tenham menos oportunidades futuras (menor grau de educação, empregos mais precários, etc), maior isolamento social que resulta quer do menor tempo disponível para os outros quer da descriminação por parte dos outros jovens.

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Deixamos aqui uma apresentação feita sobre o tema (sexualidade na adolescência).

Esperemos ter contribuido para uma maior informação e desmistificação deste tema.

Bons (e seguros) namoros!

DG 2011
http://psiadolescentes.wordpress.com/sexualidade/

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