domingo, 5 de junho de 2011

A SATISFAÇÃO SEXUAL DA MULHER ADULTA

Sônia Helena Tlusty Furlanetto; Oswaldo M. Rodrigues Jr.
Instituto Paulista de Sexualidade – GEPIPS – Grupro de Estudos e Pesquisas do InPaSex[caption id="attachment_72" align="alignright" width="188" caption="GEPIPS - CEPES"][/caption]
A satisfação sexual de mulheres adultas, embora seja considerada de importância no discurso das próprias mulheres e de suas parcerias sexuais e afetivas, pouco aparece no discurso científico e técnico na psicologia, e mais especificamente dos estudo da sexualidade no Brasil.

Os autores buscaram pesquisar as associações de mulheres sobre a cessação das necessidades sexuais, aqui denominada satisfação sexual. Um questionário, desenvolvido a partir de um estudo piloto, foi aplicado a 110 mulheres adultas de 25 a 40 anos com parceria sexual fixa na área metropolitana de São Paulo.

Embora os resultados apenas apontem formas cognitivas através das quais as mulheres podem se referir à satisfação sexual, os resultados obtidos são os que necessitam ser considerados para a interação primária sobre o assunto em níveis profissionais. O fato mais importante surgido foi a associação de orgasmo e satisfação sexual, atingindo 80% das pesquisadas. O sentir-se atraída sexualmente pelo parceiro apareceu em 74% das paulistanas. Os parceiros carinhosos são importantes para a satisfação sexual em 66% das mulheres e as carícias dos parceiros para 61%. As fantasias sexuais com o parceiro sexual ocorre em 50% das mulheres. A satisfação sexual foi referida por 86% das mulheres pesquisadas, destas 15% não estariam satisfeitas sexualmente sempre. Devemos considerar que apenas as mulheres que responderam o questionário estão sendo consideradas (64%). Mesmo assim, surpreendentemente há um nível alto de satisfação sexual entre as mulheres adultas em São Paulo.

As mulheres esperam mais dos seus homens atualmente, a maioria das mulheres não se sente mais uma propriedade, buscam sua satisfação, seja com fantasias sexuais, carícias e não apenas o ato da penetração. A mulher leva um tempo maior para excitar-se, e para que isso possa ocorrer com as mesmas, esperam que seja por alguém que fundamentalmente as atraia sexualmente, que seja carinhoso e compreensivo, que as ame, não desejando mais serem vistas como meros objetos para a satisfação sexual masculina. Esperam que eles também possam ser o objeto do desejo delas e para isso acontecer pedem mais, exigem o orgasmo, afinal isso é uma vitória conquistada pela mulher dos tempos modernos Estão mais liberais com o tema sexualidade e sentem-se mais liberais na cama com seus homens. O ato da penetração por si só quer dizer muito pouco para a mulher adulta, é apenas um complemento de um ato de amor, que para elas é fundamental "o amor". Nessa pesquisa pode-se constatar, que a mulher adulta na metrópole paulistana, para atingir a satisfação sexual plena, depende muito da satisfação como indivíduo, que para a mulher é fundamental o relacionamento e a preservação do namoro, da sedução e das carícias envolventes do parceiro.

A mulher precisa estar atraída pelo parceiro e sentir que o atrai. O sexo pelo sexo não parece ser a busca da maioria das mulheres. A satisfação sexual precisa estar cercada de carícias e de parceiros carinhosos. Mais de um décimo das pesquisadas conhecem o caminho pelo qual os parceiros deveriam buscar facilitar a satisfação sexual delas. Muitas mulheres não tem nem consciência do que necessitam para a própria satisfação sexual. Outras podem não conseguir expressar-se adequada e eficazmente aos seus parceiros, ou sequer para uma pesquisa sobre a satisfação sexual. A sexóloga argentina Maria Luiza Lerer afirma que a mulher pode negar a si mesma as necessidades e vontades e relutar em partilhar-se com seu parceiro. Apenas pouco mais de um quarto das mulheres afirmaram a preferência sexual igual à do discurso sexual masculino em nossa cultura. A penetração, tão fortalecida e valorizada pelo homem no contexto sexual é deixada de lado pela maioria das mulheres. Esta não é uma informação assimilada pelo homem, muito pelo contrário, as informações que os homens trocam entre si e recebem advindas através de revistas eróticas e filmes pornográficos (facilmente constatável pelo leitor) valorizam direta e explicitamente a penetração no ato sexual.

A maioria (80%) declarou que necessita do orgasmo na relação sexual (51% das mulheres cubanas tem orgasmos nas relações sexuais). A fantasia sexual para a mulher adulta é usada como forma de estimulação sexual e voltada para o próprio parceiro, o que deveria ser considerado pelos homens, para que não julgassem que o uso fantasias implicaria em possibilidade e motivação de traição sexual. Embora costumeiramente as mulheres serem consideradas mais para fantasias românticas do que o homem, nesta pesquisa estas buscas não foram referidas, talvez pela dificuldade em expressar a intimidade que é a própria fantasia. Para a mulher a sexualidade não começa na cama, tampouco termina, a sexualidade é o cotidiano com seu parceiro e tudo aquilo que ele possa demonstrar de afetividade.

Embora possamos contestar que o discurso das entrevistadas possa ser equivocado enquanto realidade objetiva, devemos considerar os resultados e conclusões como representantes do social, não necessariamente do que vivem estas pessoas, mas do que elas desejam que seja considerado com parte integrante de suas identidades femininas nesta cultura. Estes parâmetros são os que devem ser utilizados para os profissionais que trabalham com esta população e sobre este assunto. As representações sociais apresentadas pelas pesquisadas constituem-se cognições que aquelas utilizam para se relacionar com a realidade concreta, fatos de importância para o se trabalhar com o ser humano.

Concluímos com a presente pesquisa que 86% das mulheres pesquisadas sentem-se satisfeitas sexualmente. Pesquisadores cubanos liderados por Molina, apresentaram em 1994), uma pesquisa sobre satisfação sexual de mulheres cubanas, na qual estas se consideram satisfeitas apenas em 32%, aumentado para, se somarmos aquelas que se sentem mais ou menos satisfeitas, 65%, valores menores que o encontrado nesta pesquisa (*). A insatisfação sexual, porém existe num número de importância entre mulheres (14%), que merece atenção dos profissionais que trabalham com saúde mental.

A seguir frases escritas por pesquisadas na folhas dos questionários entregues, citando necessidades não satisfeitas em resposta ao ítem "preciso de mais coisas do que recebo" da questão número 1:

"Estar satisfeita sexualmente para mim é estar em sintonia plena com o parceiro."

"Estrapolar a condição do ato em si. Não é simples descarga física, é o encontro pelo carinho pelo prazer, pela vontade de estar realmente com o outro. É dar e receber, é o sentir-se aceita como é. É maravilhoso!" "Satisfação sexual é quando duas pessoas sentem-se atraídas uma pela outra. Desta atração é obvio vem o desejo de tocarem-se, e possuírem-se, e quando a atração o desejo é recíproco, e é evidente que virá o orgasmo e assim a satisfação sexual."

"Quando tudo o que sentimos e fazemos seja recíproco, pois isso faz com que tenhamos uma satisfação total. E tudo o que acontece em uma relação seja mútua para ambos saírem realizados na sua relação."

"Me satisfaço sexualmente quando consigo estar inteira dentro de uma relação. Quando o meu corpo, meus sentidos estão todos juntos fazendo com que me sinta feliz e realizada. O orgasmo quando atingido torna tudo maravilhoso, mas para mim, não existe satisfação sexual sem o complemento emocional."

"Sexo para mim é uma coisa normal, que devemos dispor sempre que sentirmos desejo de obter prazer sexual."

"É o complemento de nossos espíritos, são as nossas fantasias sendo realizadas."

"Vejo como algo necessário e inevitável, pois desejamos estar em sintonia com o parceiro que amamos."

"E penso ser muito importante discutir com nosso parceiro sempre que for necessário o assunto sexualidade."

"Bom eu entendo que satisfação sexual só é boa quando a compreensão, carinho e amor entre ambos. Então ambos se satisfazem."

"Para atingir a satisfação sexual não basta apenas o ato da penetração, mas que o indivíduo esteja bem consigo mesmo, ou seja, física e psicologicamente. Deve-se contar também que numa relação é fundamental que haja amor e carinho."

"É você ter atração por alguém que você gosta durante a relação sexual e atingir toda a sua plenitude, ou seja chegar ao auge do orgasmo. Eu acredito que é mais ou menos isso."
http://www.oswrod.psc.br/saibamais.html

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