domingo, 5 de junho de 2011

CARTAS COM DÚVIDAS SEXUAIS

Oswaldo M. Rodrigues Jr.; Adele M.C.G.Guimarães
Instituto Paulista de Sexualidade – GEPIPS – Grupro de Estudos e Pesquisas do InPaSex


Cartas procurando elucidar dúvidas sobre questões sexuais são encaminhadas a revistas leigas de vários níveis semanalmente pelos leitores. Manter uma seção com esta finalidade tem sido uma realidade frequente no Brasil neste final de século XX. Além de dúvidas, os leitores buscam soluções para os problemas de que padecem em sua sexualidade. Este tipo de pessoas não tende a buscar ajuda diretamente com algum profissional antes de escrever, ou se já o buscaram, agora creditam à revista a possibilidade de ajuda mais autorizada do que a que anteriormente procuraram.

Prestando consultorias a revistas de variados tipos, os autores coletaram cartas escritas entre 1984 e 1996. Das 345 cartas coletadas, 296 eram de homens (85,8%), e 155 do estado de São Paulo (44,9%). As dúvidas mais freqüentes foram 153 cartas sobre o pênis (44,35%), 88 sobre a relação sexual (25,5%), 27 sobre homossexualidade (7,8%) e 13 sobre a vagina (3,8%). Estas variáveis cognitivas são explícitas nos textos das cartas.

Os autores buscaram outras variáveis não explícitas nas cartas com questionamentos sexuais. As atribuições de emoções e sentimentos expressos na carta foram considerados, sendo os mais presentes: 98 com ansiedade (28,41%), 22 com angústia (6,38%), 21 com preocupação (6,1%), 12 com desespero (3,48%), 11 com vergonha (3,19%) e 11 com vergonha (3,19%).

A ansiedade presente nas cartas associada à situação sexual aponta para o aumento das situações de dificuldades e disfunções sexuais nesta população.
Não surpreende numa maioria de homens o questionamento sobre o pênis ser mais importante. As mulheres produzem mais questionamentos sobre o relacionamento sexual em si (38,77%). A visão dos homens que buscam sanear suas ansiedades e angústias parecem representar identidades masculinas mais rígidas, nas quais a atenção para o genital masculino é maior reproduzindo o papel masculino tradicional do homem ocidental deste século.

Em se tratando de sexualidade, neste papel rígido, a busca pela solução via carta mantém o homem no anonimato, preservando-o do confronto e do autorreconhecimento das dificuldades sexuais, em especial os questionamentos que se associem ao que é percebido como masculinidade, a exemplo das relacionadas com o pênis.
http://www.oswrod.psc.br/saibamais.html

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