domingo, 28 de agosto de 2011

Apenas um detalhe

Apenas um detalhe
por Bel Vieira
Estava tudo indo muito bem até que, na hora do vamos-ver, você não viu grandes coisas. Afinal de contas, tamanho é mesmo documento ou o que importa é o tamanho do prazer que eles (vamos incluir o dono) proporcionam?

Acredite se quiser, mas dizem que o astro pornô americano Long Dong Silver ficou famoso por ter o maior pênis do mundo: flácido, media impressionantes 47,5 centímetros! Já pensou? Uns com tanto, outros com tão pouco... O menor pênis ereto que se tem notícia media menos de 5 centímetros, equivalente ao comprimento de um dedo mindinho! Entre os brasileiros, a média é de 12 a 13 centímetros. No entanto, os especialistas garantem que 8 centímetros já são suficientes para dar prazer a qualquer mulher. Curiosidades à parte, a verdade é que, quando o tamanho do objeto do desejo deixa a desejar, vira motivo de preocupação para muitos homens – e para as mulheres também. Afinal, descobrir que as medidas do quase-príncipe-encantado são bem abaixo da expectativa pode ser uma grande decepção. Ou seria minúscula?

Se tamanho for mesmo documento, aconselha-se checar o material antes, para não ter uma surpresa desagradável durante. Mas como? A advogada Gisela Ferreira diz que tenta conferir as proporções da coisa no momento que ela chama de pré-fuck, leia-se amasso. “Eu passo a mão por cima da calça dele para ter uma idéia do que me aguarda. Mas tem que ficar esperta. Uma vez, só de abraçar o cara, já percebi o comprimento e, principalmente, como estava duro. Foi aí que ele pediu licença e tirou o celular do bolso”, lembra. A hora da verdade pode chegar num fim de semana na praia. “Se vejo um cara de sunga, é algo involuntário, olho direto para o ‘volume’ do moço”, admite Gisela. A arquiteta Marta Brito também é adepta desse método. “ Os homens não fazem o teste da areia pra ver se o corpo da menina é legal? Então! Eu faço o mesmo pra conferir se vale a pena”, confessa ela. Mas cuidado para não cometer injustiças com essas olhadas básicas: em dias mais frios ou quando o homem entra na água gelada do mar, o pênis se retrai e parece menor do que realmente é.

Para se ter noção do tamanho antes de chegar aos “finalmentes”, inventam cada história do arco da velha – e o pior é que tem gente que acredita. “Comecei a sair com um carinha que calçava o tradicional 42 bico largo. Fiquei toda animada, mas depois comprovei que não tem nada a ver”, revela a designer Juliana Salomão. Segundo o urologista Dr. Joaquim Claro, essas comparações não passam de crenças populares. “Não há estudos que comprovem qualquer relação entre o tamanho do pênis com o do pé ou mesmo do nariz”, explica. Trata-se de uma questão genética: como a cor dos olhos, a cor da pele e a estatura, respeitando a etnia de cada um – essa, como reza a lenda, realmente influi no tamanho médio do pênis. “Em geral, os orientais têm pênis discretamente menores, os caucasianos estão no meio termo, enquanto os negros são mais alongados. No entanto, isso não significa nenhuma vantagem, ou a China não teria a quantidade de habitantes que tem”, brinca.

Aos menos agraciados, a má notícia: a mulherada não perdoa e conta tim-tim por tim-tim quando a ferramenta de trabalho não é grandes coisas. “Você precisa dividir esse trauma com alguém e acaba mesmo rolando comentários indiscretos entre um chope e outro. Para isso servem as amigas!”, brinca a professora Lia Bergman. Nas conversas de banheiro, é comum se referir ao dito-cujo com apelidos maldosos, como PP (com duplo sentido), PM (com eme de minúsculo), lápis, caneta Bic e uma infinidade de nomes no diminutivo – por que será? – fofinho, coisinha, toquinho, juninho. Por isso, atenção, rapazes: se a dona do seu coração se referir ao seu melhor amigo como qualquer-coisa-inho, desconfie. Pode não ser uma forma carinhosa, mas sim uma grande (?) ironia.

Fora os pequeninos, os finos também não satisfazem. “Pior do que pau pequeno, só fino! Ninguém merece pinto-lápis”, afirma a dentista Regina de Andrade. Por outro lado, mesmo as que se dizem desestimuladas frente a frente com o mini-crime, admitem que há uma vantagem inegável nas menores pistolas: é menos traumático fazer sexo anal. “Um pau fino entra mais fácil. Quanto mais grosso, mais doloroso é”, ressalta Fabiana de Moraes, defensora dos fracos e oprimidos. Depois de tantas reclamações, enfim chegou a vez das meninas que acham que “não importa o tamanho e sim o prazer que ele proporciona”. “Eu não tenho preconceito nenhum: pode ser P, M ou G, fino ou grosso. O importante é que fique duro, no resto dá-se um jeito”, admite a comerciante Verônica Cavaliere.

O sexólogo Oswaldo Rodrigues afirma que a penetração não é o fator principal de prazer para a maioria das mulheres, de modo que o tamanho não deveria ter tanta importância. “A razão é simples: a maior parte das mulheres chegam ao orgasmo apenas através do estímulo clitoriano. Além disso, as preliminares e o envolvimento amoroso tornam-se mais importantes do que a penetração em si”, explica. O sexólogo ressalta que a vagina é elástica e pode se adaptar a pênis de centimetragem variadas. “A vagina se amolda ao tamanho que for penetrado, salvo exceções de membros muito grandes (acima de 25 centímetros), que podem até ferir a mulher”, ensina.

Quando o mercado masculino não oferece grandes negócios, é melhor agarrar as oportunidades, como faz Eliana de Mello. “Eu não vou dizer que os pequenos são os meus preferidos. Mas, às vezes, o desempenho do cara compensa o tamanico”, diz a publicitária. Ou seja, o cara pode superar pequenos detalhes com uma boa performance – incluindo aí dedos e línguas, por favor. No time das advogadas dos “inhos”, Isabel Nunes é das que consideram melhor faltar do que sobrar. “Nunca botei pra escanteio nenhum namorado por o dele ser menor do que a média. Mas já aconteceu o contrário. O grandes são bons apenas para olhar! O sujeito tirou a cueca e me assustei com aquilo tudo. Tive que cancelar os planos e pedir a conta no motel, porque o negócio todo não caberia dentro de mim!”, conta Isabel.

O assunto rende belas piadas mas, para muita gente, ter um punhal no lugar de uma longa espada é motivo de seguidas noites maldormidas – e não é para fazer amor de madrugada. Conversamos com alguns homens sobre isso e todos eles garantiram ser privilegiados, garanhões, enfim, poderiam ganhar a vida estrelando filmes pornôs. Sabe como é, pau pequeno é o típico probleminha que ninguém admite ter. O professor de ginástica Carlos Figueiredo disse estar muito satisfeito com todas as suas medidas. “Se, eu disse SE, me sentisse ‘diminuído’ na cama, me empenharia para ser muito bom de língua”, afirma. Já o analista de sistema Bernardo Araújo se confessou solidário aos mal-dotados. “Coitados dos caras, deve ser muito ruim ter pau pequeno. Não tem jeito de aumentar e o cara vai ter esse estigma pro resto da vida”, imagina.

Realmente, não há nenhum método cientificamente comprovado que aumente o tamanho do pênis. “Somente para mutilados, amputados ou em casos extremos como de micro-pênis em que o membro não chega a um centímetro opta-se por uma cirurgia reconstrutiva, multidisciplinar e muito complexa”, ressalta o urologista Joaquim Claro. E olho vivo: aqueles e-mails prometendo aumentar o pênis em até não-sei-quantos centímetros, blablá, além de serem a mais pura picaretagem (sem trocadilhos), ainda podem causar problemas mais sérios. “A longo prazo, o uso do anel no pênis pode gerar comprometimentos graves e até disfunção erétil”, alerta Dr. Claro.

A verdade é que o pênis é praticamente um símbolo de poder, virilidade e força. A sociedade latina valoriza demais essa parte do corpo masculino e impõe que ele seja grande, se possível, enorme. “O homem acostumou-se desde criança a considerar o maior como sendo o melhor. Se ele acha, mesmo que não seja verdade, que o seu pênis é pequeno ou fino, entra em desespero, se considera inferiorizado frente ao mundo e é tomado de constante insegurança nos relacionamentos interpessoais”, resume o sexólogo Oswaldo Rodrigues. Dr. Claro reforça o discurso: “Muitas vezes o paciente bate no meu consultório reclamando que o dele é pequeno, mas na verdade não é. O problema não é anatômico, mas sim, psicológico. O paciente já pesquisou na internet. No fundo, sabe que está dentro da normalidade, mas ainda assim está insatisfeito. Ele quer ter o pênis maior, sempre!”, conclui o urologista. Pequeno ou grande, a gente tem que ser feliz com o que tem – os homens, com o próprio corpo e nós, com o corpo que namoramos.

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