Ministro indiano que chamou homossexualidade de doença diz ter sido mal interpretado
Agência O Globo
O ministro indiano da Saúde, que revoltou ativistas e até a ONU após dizer que a homossexualidade é uma doença do Ocidente, afirmou nesta terça-feira (5) que foi mal interpretado. Embora vídeos que circulam pela Índia mostrem suas declarações durante uma conferência sobre HIV, Ghulam Nabi Azad convocou uma entrevista coletiva às pressas para tentar se explicar.
"Algumas pessoas fizeram um jogo de palavras. Eu fui citado fora de contexto", disse ele. Minha referência foi ao HIV como uma doença. Como ministro da Saúde, eu sei que (a homossexualidade masculina) não é uma doença.
Segundo a imprensa local, Azad afirmou que "infelizmente essa doença chegou ao nosso país também" e que "quando um homem faz sexo com outro homem é completamente anormal e não devia acontecer". O relator especial da ONU para a saúde, Anand Grover, disse que o governo indiano deveria demitir o ministro. "Suas declarações são completamente insensíveis. Reduz a dignidade da comunidade gay", disse Grover. "É inaceitável ter um ministro falando assim".
Essa não é a primeira vez que declarações de Azad deixam o governo indiano em maus lençóis. Anos atrás, ele sugeriu que a população assistisse televisão ao invés de fazer sexo como forma de controlar o crescimento populacional do país de 1,2 bilhão de habitantes.
Anjali Gopalan, líder do grupo "NAZ Foundation", que luta pelo direito dos soropositivos e direitos dos homossexuais diz que a declarações de Azad foram profundamente perturbadoras já que vindas do Ministro da Saúde de um país que tem travado uma dura batalha contra a disseminação da Aids. Cerca de 2,5 milhões de indianos são portadores do HIV, fazendo com que o país tenha o maior número de soropositivos que vivem na Ásia. "Esses comentários não ajudam qualquer causa. E definitivamente não vão ajudar a nossa", defendeu Anjali.
Especialistas dizem que a marginalização da população homossexual faz com que seja mais difícil o combate contra a Aids, pois os alertas dificilmente chegam até eles. "Se não houver investimentos na construção de uma comunidade, os homossexuais vão continuar a serem marginalizados", argumenta Anjali.
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, a líder do partido majoritário no Congresso indiano, Sonia Gandhi, e vários outros ministros também estavam presentes no encontro. Até o momento, não houve respostas oficiais sobre o assunto. A assessoria do primeiro-ministro não quis dar uma posição sobre o acontecido.
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