quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Internet joga pá de cal no já combalido cinema pornô

24/08/2011 21h30

Internet joga pá de cal no já combalido cinema pornô
Roberto Guerra

Garganta Profunda: marco do cinema pornô comercial, filme foi exibido em cinemas de diversos países

As novas gerações dificilmente conseguiriam entender o fascínio que o cinema pornô exerceu ao longo de anos na mente de milhões de jovens. Hoje em dia a internet transformou as produções pornográficas em meros filmes caseiros sem qualquer qualidade técnica, estética ou artística. Mas houve um tempo em que cinema pornográfico podia ser chamado, de fato, de cinema.

A produção de filmes pornôs surgiu na liberal Paris do início do século 20, quando foi rodado, em 1908, La Bonne Auberge, considerado o primeiro filme do gênero de que se tem notícia. As atrizes eram prostitutas que interpretavam elas mesmas. Na época, já havia o cinema erótico, surgido alguns anos antes com Le Coucher de La Mariée (1896), de Eugène Pirou. Mas La Bonne Auberge mostrou pela primeira vez cenas de sexo explícito no cinema.

Nos Estados Unidos, o puritanismo exagerado contribuiu para frear a produção de filmes eróticos e pornográficos, considerados de mau gosto e indecentes. Tanto que o primeiro filme pornô americano, A Free Ride, só foi lançado apenas em 1915. Até a década de 60, o consumo desses filmes era restrito a clubes fechados e residências e sua produção era efêmera. Por conta disso, o gênero amargou anos de clandestinidade, até que, na década de 70, no rastro da revolução sexual e cultural dos anos 60, nasce o cinema pornográfico comercial. O marco de sua explosão é o ano de 1972, quando são exibidos nos EUA os hoje cult Garganta Profunda, com Linda Lovelace e Harry Reems; O Diabo na Carne de Miss Jones e Atrás da Porta Verde.

Com orçamento de US$ 24 mil, Garganta Profunda foi rodado em apenas seis dias e é, até hoje, o pornô mais lucrativo da história. O sucesso do longa não se deve somente às cenas de sexo explícito, mas à insólita história da personagem de Linda Lovelace, que tinha o clitóris na garganta e só conseguia satisfação com sexo oral. Garganta Profunda foi visto por milhões de espectadores fora do circuito especializado, façanha que o diretor Gerard Damiano repetiu em outra produção antológica, O Diabo na Carne de Miss Jones.

Dessa época em diante, a produção de filmes pornográficos ficou restrita a cinemas especializados e ao vídeo. Começou a haver então uma banalização do gênero e o direcionamento de acordo com as preferências sexuais do espectador: sexo anal, lesbianismo, sadomasoquismo, bissexualismo, sexo bizarro etc.

Hoje, no entanto, ninguém quer locar mais filmes. O público prefere assistir a trechos de produções baratas em sites como RedTube, YouPorn, PornoTube, entre outros serviços de oferta de pornografia grátis. É mais fácil e discreto, sem dúvida, mas está pondo fim à produção de filmes de melhor qualidade, já que os produtores nada ganham.

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