quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Profissionais de saúde precisam vencer estigmas sobre aids em idosos, afirmam especialistas durante videoconferência em São Paulo

24/08/2011 - 14h
Estigma, preconceito, falta de informação. Quando o assunto é aids na terceira idade, essas características estão presentes tanto no cotidiano dos profissionais de saúde quanto no dos usuários dos serviços, afirmaram especialistas durante uma videoconferência realizada nesta quarta-feira pelo Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo.
Segundo a médica Mariliza da Silva, da gerência de Assistência Integral á Saúde do Centro de Referência e Treinamento (CRT) de DST/Aids de São Paulo, as pessoas mais velhas estão se infectando pelo HIV porque não se percebem vulneráveis ao vírus. “Elas associam a aids aos jovens, usuários de drogas injetáveis e homens que fazem sexo com homens”, explicou. Por isso, de acordo com Mariliza, o idoso não se preocupa em usar preservativo. “Quando ele fica viúvo geralmente se relaciona com diferentes pessoas e não se previne.”
A médica do CRT declarou que geralmente as pessoas da terceira idade se descobrem com aids depois de alguma internação. Mariliza afirmou que um dos motivos para o diagnóstico tardio é o fato dos médicos não pedirem exame de HIV para os idosos. “Sintomas como fadiga, dor crônica e perda de peso podem estar relacionados simplesmente à idade, mas também podem ser conseqüência da aids. Os médicos não investigam esta possibilidade.”
Prevenção
Jacqueline Garcia, do Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia, disse que quando o idoso pede remédio para disfunção erétil o médico precisa realizar abordagens sobre práticas sexuais seguras. “Geralmente o idoso não quer fazer o teste de HIV. É necessário utilizar novas formas de abordagem e facilitar o acesso a insumos de prevenção”, declarou.
Já Carlos Rodrigues, da Associação Saúde da Família - ONG que realiza projeto de prevenção ao HIV entre pares para idosos – argumentou que muitas vezes a abordagem da sexualidade é relacionada à reprodução. “Como a mulher idosa não engravida, ela pensa que não tem sentido usar preservativo”, disse. Para Carlos, faltam políticas públicas voltadas à sexualidade das pessoas mais velhas.
Na abertura da videoconferência, a coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, Maria Clara Gianna, avaliou que o diagnóstico tardio do HIV nesse público é uma das lacunas da resposta à aids. Ressaltou também que a interface entre diferentes áreas – como a saúde da mulher – é extremamente importante e que o Estado de São Paulo possui um documento com diretrizes de ações de prevenção às DST/aids em idosos (veja o documento).
Fábio Serrato
CRT DST/Aids-SP - Assessoria de imprensa - Tel.: (11) 5087-9835

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