Vida de amante
As armadilhas que a condição de ser a “outra“ traz
22/08/2011
"Minha situação é muito delicada. Já cheguei a ponto de não saber mais o que fazer. Estou no meu limite. Tenho 59 anos e me relaciono com um homem de 58. O problema é que ele é casado. Mas o fato de ele ter uma esposa ainda não é o mais grave. Estamos há mais de um ano juntos e, depois de muito fuxicar e vasculhar nas coisas dele, acabei por descobrir quem é a ‘mulher oficial’ da história.
Como se não bastasse essa situação, a de ser ‘a outra’, descobri que ela frequenta a mesma academia de ginástica que eu. Pior, faz aulas de Pilates na mesma classe. Graças a Deus, não temos nenhum tipo de contato, só superficial mesmo. Mas o simples fato de ter que encontrá-la, nem que seja uma vez por semana, me deixa louca e feliz ao mesmo tempo.
Já pensei em trocar de aula, de academia, mas parece que algo me prende a essa mulher, como se o fato de frequentar o mesmo lugar que ela me permitisse participar da relação dela com meu namorado. Esse gostinho de espionar, pelo menos uma parte da vida dela, me faz bem.
Sei que no fundo isso não é bom pra mim. Mas sinto que é mais forte que eu, assim como o sentimento que eu tenho por ele. Quando estamos juntos, tudo é PERFEITO! Mas essa situação está me consumindo e ainda não tive coragem de contar para ele tudo o que sei que descobri vasculhando suas coisas. Como sair dessa situação?"
A usuária preferiu não se identificar.
Só falta você se fazer de amiga dela! Daí, sim, o circo da traição pega fogo! Interessante, isso que você descreve: que o fato de frequentar o mesmo lugar que ela lhe permite participar da relação dela com o seu namorado?!?!?
Que engano você comete contra si própria, mulher! O máximo que você consegue é ver como você está fora do relacionamento deles, isso sim. E para não enxergar o que é óbvio, você distorce toda a realidade. Ôps, acorda!
Você realmente acredita que está participando ao ficar se intrometendo na vida do casal!? Você está mais é se enganando, profundamente. Coisa de quem anda desesperada, com muita inveja e, exatamente por conta desses sentimentos nefastos, invade o território alheio.
Ao entrar em espaços onde não lhe cabe, seu risco de vir a ser humilhada é muito alto. Talvez você se sinta esperta ao fazê-lo, tenha a falsa impressão de que se aproxima dele, mas o fato é que você se distancia, pois nesse caso, o que lhe parece mais, mulher, na verdade é menos. Você mesma diz que não tem coragem de falar com ele sobre tudo isso. E então? Você precisa disso?! Mulher, você está é se envenenando. Busque tratamento, vá se desintoxicar.
*Ana Fraiman é psicóloga formada em Psicologia Social, especialista nas áreas clínica e social, com mestrado pela USP e Doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP. Possui vários livros publicados, é articulista e Diretora da APFraiman Consultoria, empresa pioneira em Programas de Preparação para a Aposentadoria e Pós-carreira.
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