quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A influência da ansiedade no desempenho sexual

A influência da ansiedade no desempenho sexual
24/08/2011 |
A ansiedade é uma característica do ser humano. Geralmente antecede momentos de perigo real ou imaginário, seguidos de sensações de mal-estar como vazio no estômago, batimentos cardíacos acelerados, medo intenso, aperto no tórax, sudorese. Em excesso – seja por intensidade ou frequência – pode acarretar inúmeros problemas, entre eles a “ansiedade de desempenho” (AD).

“A ansiedade de desempenho ocorre quando uma pessoa tem uma série de receios como ser criticada, de ser vista e julgada pelo seu comportamento. São geralmente pessoas com baixa auto-estima e que têm muito medo do julgamento dos outros”, explica a psicóloga Liliana Seger, especialista em sexualidade e pesquisadora ligada ao Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP .

Um dos campos em que a AD se manifesta mais comumente é o sexual. Neste caso, o paciente acredita que não vai conseguir corresponder às expectativas ou tende a supervalorizar a parceira. “Na verdade, a maioria das disfunções sexuais é causada ou agravada pela ansiedade. Uma das causas da ejaculação precoce é a “ansiedade de desempenho sexual” (ADS)” diz Liliana.

A pressa como inimiga

As causas da ADS são diversas, mas a pressa – seja no dia a dia, seja na cama – é a principal. “Em algumas cidades pequenas, como acontecia antigamente, os meninos iniciam sua vida sexual com prostitutas que, em geral, mandam ‘ir rápido’. E eles, com receio, ansiedade, medo de falhar e serem julgados, fazem tudo rapidamente. Adolescentes que transam escondidos dos adultos também podem ter o início da ejaculação precoce nessas circunstâncias”, explica.

Entre as mulheres, as consequências não se apresentam de forma evidente. Nelas, o principal efeito da ansiedade é a incapacidade de sentir prazer, levando a uma anorgasmia (dificuldade de ter orgasmo). “Quando a pessoa tem um parceiro, muitas vezes isso é percebido na relação. Quando não há parceiro fixo, geralmente não se fala nada, por ficar sem graça. Em casos de dúvida, um psicólogo especialista em terapia sexual pode fazer esse diagnóstico de forma clara”.

Feito o diagnóstico, o tratamento indicado é a terapia sexual individual e, às vezes, de casal, realizada por psicólogo especializado. Segundo Liliana, o paciente pode se recuperar completamente.

“O tratamento é voltado para a ansiedade como um todo e também para a de desempenho sexual. A dessensibilização e avaliação dos pensamentos são feitas para que o paciente entenda como e quando a ansiedade ocorre e, assim, aprender a lidar nessas situações”, diz. “Não se deve esquecer que atualmente fazer as coisas de forma rápida é geralmente visto como algo positivo e nem sempre isso é verdade, principalmente em relação à sexualidade”, finaliza Liliana.

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por Marina Teles

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