terça-feira, 16 de agosto de 2011

Da frigidez à anorgasmia: um tratamento científico do mais importante problema sexual feminino

Da frigidez à anorgasmia: um tratamento científico do mais importante problema sexual feminino
Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr. – (CRP 06/20610), Psicoterapeuta Sexual do Instituto Paulista de Sexualidade (www.inpasex.com.br); Diretor da ALAMOC – Associação Latino-Americana de Análise do Comportamento e Psicologia Comportamental Cognitiva



A frase “frigidez sexual” foi usada até a década de 1970, quando os profissionais que atuam com psicologia e sexualidade houveram por bem explicitar o problema que foi dividido em vários, de acordo com as possibilidades às quais a frase era usada. Percebeu-se que frigidez poderia se referir a formas de inibição do desejo sexual, dificuldades de excitação que também produziam dores durante a penetração, e ou dificuldades em obter orgasmos.
Desta forma, nesta segunda década do século XXI, o uso da expressão “frigidez sexual” somente será usada quando existe um objetivo moral de hostilização contra a pessoa a quem se refere a frase. Trata-se de um xingamento por não ser uma forma que se dirige a um único problema, nem é uma forma de facilitar a compreensão de um problema sexual com o objetivo de tratá-lo.
Todas as mulheres nascem capazes de expressar a sexualidade, serem completas e capazes de obter prazer e satisfação sexuais.
Algumas poucas mulheres nascem com problemas anatômicos que atrapalham alguma das formas de expressão sexual. Um caso raro é da mulher que nasce sem vagina, o que não permite o relacionamento de penetração coital, quando será necessário algum procedimento cirúrgico especial para a criação de uma nova vagina.
As mulheres com problemas sexuais desenvolvem os problemas ao longo da vida, seja por não desenvolverem as qualidades sexuais, seja por outros problemas e barreiras emocionais que as impedem de sentir prazer sexual. Assim, as dificuldades sexuais femininas são, na maioria das vezes, de ordem psicológica. A esfera dos problemas psicológicos envolvem dificuldades de expressão emocional, processos cognitivos inadequados e patológicos, dificuldades de relacionamento interpessoal, problemas conjugais, problemas emocionais (em especial ansiedades e depressões).
O tratamento da dificuldade sexual depende do que diagnosticamos. São vários problemas que trazem as mulheres ao consultório de psicoterapia sexual. Estas são as formas de queixas sexuais femininas que recebemos e precisam de tratamentos diferenciados:
Quadro disfuncional N (%)
Inibição do Desejo Sexual (IDS) 8 (36,36%)
Anorgasmia 18 (81,82%)
IDS+ anorgasmia 5 (22,73%)
IDS+ Inadequação Sexual do Casal 3 (13,64%)
Anorgasmia + dispareunia 1 ( 4,55%)
Vaginismo+Dispareunia+ISC 1 ( 4,55%)
Vaginismo 2 ( 9,09%)
Dispareunia 3 (13,64%)
Inadequação Sexual de Casal (ISC) 4 (18,18%)
Os problemas sexuais muitas vezes vem somados, não sendo apenas uma queixa simples e única como a que seja percebida pela mulher que procura tratamento.
De modo científico precisamos compreender o problema sexual da mulher, estudar as causas e as situações que auxiliam a manter o problema, o casamento, a família, o trabalho, as atividades do cotidiano ou a falta de várias atividades. Usamos entrevista especialmente desenhada para o problema, testes e questionários psicossexológicos especiais e, então, podemos propor os melhores caminhos de tratamento.
O método científico para o tratamento das causas psicológicas será a psicoterapia focalizada na sexualidade. Preferencialmente com a participação do parceiro sexual nas consultas que são chamadas de sessões. As sessões são semanais, muitas vezes intercalando sessões individuais com sessões de casal. A mulher deverá compreender como se dá o funcionamento psicológico, e como precisa mudar. Em paralelo, o casal precisa desenvolver formas de interação sexual que facilitem o comportamento sexual desejado pelo casal. Semanalmente as vivências serão questionadas para que a mulher tenha a compreensão e a integração das questões envolvidas no problema sexual e possa produzir modos novos para a superação da dificuldade sexual.
Estes são resultados de reuniões especiais de especialistas do mundo inteiro que ocorreram em Paris em 2001 e 2005, apontando serem métodos científicos baseados em evidências e não em opiniões de uma ou outra pessoa, apenas baseados em vivências de poucos profissionais de saúde mental.

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