domingo, 7 de agosto de 2011

Separação durante a gravidez?

Separação durante a gravidez?
Alguns casamentos acabam quando o casal está prestes a ter um bebê. Entenda por que isso acontece e se é possível reverter a situação
Lia Lehrfale com a redação
iStockphotos / Thinkstock / Gettyimages
A gravidez deveria ser um momento especial para os casais e de maior aproximação entre o homem e a mulher. Afinal de contas, eles geraram uma nova vida, que em poucos meses estará vivendo com eles. Infelizmente, não é assim para todos os casais. Algumas relações terminam justamente quando a mulher está grávida. Mas, por que isso acontece?

O fato de a mulher estar com os hormônios à flor da pele pode afetar a relação? Qual o impacto de uma separação durante a gravidez? A mulher pode sofrer depressão após o nascimento do filho? Para Oswaldo Martins Rodrigues Junior, psicoterapeuta sexual e diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, falta de planejamento em comum da relação e imaturidade emocional são os motivos que levam um casal a se separar justamente nesta fase. Confira a entrevista com o especialista.
A separação costuma ser um processo muito doloroso. Na gravidez pode ser pior, já que a mulher está mais sensível, até mesmo pela influência dos hormônios?
“Uma separação de casal implica em mais do que duas pessoas deixarem de conviver. A primeira perda percebida é a perda de um futuro planejado. Aliás, se havia um futuro planejado, racional e verbalizadamente, combinado e organizado, a perda é sentida, mas o fato de se ter participado do planejamento permite uma superação em algumas semanas. Se a separação ocorreu de um casal que seguiu planos de vida involuntariamente decidido, um projeto de vida assumido a partir e desde a infância, sem uma coerência voluntária, o sofrimento será maior e mais difícil de superar até que esta compreensão ocorra.
Um casal que se separa em meio a uma gravidez não tem planos nem organização de vida futura. Seguem decisões a partir de emoções e não a partir de um projeto de vida que conduza e resolva situações de vida para ambos. A separação baseada em emoções ocorre num relacionamento baseado em emoções. Termina da mesma forma que começou: sem planos, baseado em insegurança.
Assim, a mulher terá menos no que se apoiar após reconhecer-se grávida. Uma gravidez exige um plano de vida ou trará outras situações problemas no futuro. A gravidez não inserida num plano de futuro traria consequências sobre o casal e sobre o filho. A sensibilidade desta mulher já está planejada na cultura em que se insere: ela deve sofrer e assim aprendeu, não tendo saídas e a obrigação de ter o filho, ou incorrer em mais uma circunstância envolvida em difíceis emoções negativas na busca de interromper a gravidez. O homem, por outro lado, já foi ensinado de que, ao sair fora do relacionamento acabariam os problemas... tendo que retomar caminhos de novas procuras... e estas aparências não produzem efeitos positivos e de longo prazo. Também não foram planos pensados".
A mudança hormonal pode fazer com que a mulher "surte" e queira se separar, mas depois volte atrás?
“As mudanças hormonais durante uma gravidez não são tudo nesta fase de vida, e não são tão simples ou efetivas de modo a abranger todas ou a maioria das mulheres. Mudanças hormonais existem e se associam a emoções, mas também podem ser apenas um coadjuvante em uma pessoa que já tem padrões de reações emocionais devido às características de personalidade desenvolvidas nas primeiras duas décadas de vida”.
Muitos casais veem a gravidez como uma salvação quando o casamento já vem desgastado. O que é melhor: enfrentar a crise e separar ainda na gravidez até para que a mulher sinta-se mais segura para cuidar sozinha do bebê ou tentar a reconciliação?
“Relacionamentos que são percebidos como impossíveis de satisfazer as necessidades de um indivíduo ou ambos do casal muitas vezes são permeados de mais ações involuntárias e irracionais, e uma delas é produzir uma gravidez na tentativa de resolver o casamento. Esta ideia é baseada num mito de nossa cultura. Este mito de que um filho segura um casamento apenas produz mais sofrimento aos dois e causará no filho que nascerá e carregará a difícil missão de manter juntos os pais.
Uma separação precisa ser compreendida, debatida para ocorrer de modo racional. Compreender os prós e os contras, como será se ficarem juntos e como será se houver a separação, é que permitirá uma tomada de decisão adequada.
Se a gravidez já ocorreu sem um planejamento, já foi o primeiro erro. A separação precisa ser pensada e organizada. Um filho exigirá mais esforços e planejamento de ambos. Caso um dos dois ou os dois reconheçam que não desejam mais o relacionamento, também, merece atenção e pensamento. Será um erro tomar a decisão a partir da emoção. Separar-se por emoções e mais tarde voltar e desejar o relacionamento, será um exemplo de agir sem pensar, sem planejar... Será um novo erro que provocará mais sofrimentos ao longo dos meses. Com ou sem a ação de hormônios sejam de que tipo forem.
Separar durante a gravidez pode desencadear em depressão pós-parto?
“A depressão pós parto varia desde um estado de tristeza na primeira semana pós nascimento do filho, até uma condição psicótica que não ocorrerá com qualquer pessoa. Apenas com pessoas que tenham predisposição à psicose ocorrerão este risco de estado, que se pode chamar de psicose puerperal. As causas do estado depressivo pós parto são consideradas psicológicas em até 80% dos casos. A situação de abandono pensada pela mulher será um fator forte para o deprimir-se, mas se a mulher considerar-se capaz de resolver a vida sem a participação do marido que se foi, a separação não será um fator que produzirá depressão.
O parto é uma condição que se encontra entre os eventos de maior importância e dos mais estressantes na vida de uma pessoa. É a condição ao redor do parto o evento desencadeante de uma depressão pós parto. A situação psicótica durará até mais que três meses e exigirá cuidados maiores incluindo internações.
Chorar, sentir-se confusa, não conseguir dormir, variações de humor serão comum na condição de estado depressivo. Em ambos os casos, é necessário que a mulher seja cuidada. O processo psicoterápico anterior ao parto preparará a mulher para que enfrente a situação sem maiores problemas, aliviando os sintomas”.
http://www.chrisflores.net/portal2/site/materia.php?cod_categoria=7&cod_materia=777

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