segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Abordar a questão da sexualidade continua a ser um tema polémico sem resposta rápida e racional

Diário de Notícias
Sábado, 6 de Agosto de 2011
Opinião
Sexualidades
Abordar a questão da sexualidade continua a ser um tema polémico sem resposta rápida e racional

Manuela Parente, Psicóloga

Entre amigos falávamos de sexualidade. Homens e mulheres diziam coisas diferentes baseadas ou não nas suas próprias histórias. Mulheres a falarem de sexo "sem afecto" e homens a contrapor ideias, segundo eles, pré concebidas e discriminatórias.
Desde uma relação sexual de curta duração, que segundo alguns e algumas pode estar carregada de afecto, e ser o resultado de um tempo alargado de espera repleto de fantasias e desejo. E porque não de amor? Dizia alguém do sexo masculino.

Pois bem, como vemos abordar a questão da sexualidade, continua a ser um tema polémico sem resposta rápida e racional.
Sexualidade é sempre uma entrega e não pressupõe apenas a função básica do acto sexual. Mais do que um acto de prazer físico, a sexualidade é a comunhão de corpos e de afectos numa partilha em que cada um dá o que tem com a intensidade que sente.
Quanto maior a entrega maior o prazer. Um prazer global impossível de avaliar, em termos de tempo ou variedade.
"Fazer amor com os olhos", como dizia uma amiga, é não só mágico como real. E afinal sexualidade também é magia. Ainda, como diz a mesma amiga, numa expressão que a caracteriza, " Vamos fazer o amor", é acreditar que a sexualidade é de facto muito mais do que acto sexual.
Não quero de todo romancear as realidades de cada um, mas simplesmente chamar á atenção da capacidade que o ser humano tem para explorar em si mais do que o óbvio. Transmitir aos mais jovens de que estar numa relação, é estar disponível para partilhar tudo o que cada um tem direito, sem culpabilidades nem descriminações, até mesmo o amor.
Cada vez mais vejo pessoas de todas as idades a fugir da entrega emocional, com a desculpa da dificuldade. Óbvio que estar em relação é muito mais que estar, é partilhar, respeitar, apoiar, estar disponível para ficar…enquanto for saudável e recíproco. Não é obrigatório a mesma intensidade, mas a vontade inequívoca de continuar lá.

Assim sexualidade é algo natural, espontâneo, global e intrínseco à natureza humana. Não é cor-de-rosa nem azul, nem preto nem branco, tem as cores do arco-íris e cada um identifica-se com a sua cor favorita.
Vale a pena evitar chavões e estigmas, e aceitar que cada um tem o direito de pensar, sentir e agir sexualmente consigo e com os outros.
A sensualidade e o erotismo são inatos à natureza humana e exprimem-se ao jeito de cada um.
A beleza da entrega sexual, está na liberdade da expressão, a capacidade de seduzir e ser seduzido, sendo a sedução o preliminar da entrega fazendo já parte da mesma.
Mais ainda, a sexualidade não envelhece, altera-se e ajusta-se. O poder da comunicação entre os parceiros e a fluidez da entrega possibilita a excelência.
O corpo são é sensitivo e reactivo desde a nascença até à morte.
"Fazer amor com os olhos" é intemporal e promotor da saúde emocional.
"Os olhos são o espelho da alma" e nós não somos apenas corpo.
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/opiniao/277025-sexualidades

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