Pronto-socorro sexual
Ausência de desejo, disfunção erétil, dificuldade para alcançar o orgasmo... Esses são alguns dos fantasmas que rondam a vida e prejudicam a saúde de homens e mulheres de todas as idades. Felizmente, existem medicamentos e tratamentos cada vez mais eficazes
POR HELOÍSA NORONHA
FOTOMONTAGENS MARCELO GARCIA
Queixas freqüentes
Segundo o psicoterapeuta Oswaldo Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex), as principais queixas masculinas são os problemas com a rigidez do pênis e a ejaculação rápida. "No meu consultório a mais comum é a falta de controle da ejaculação, mas apenas metade dos pacientes admite isso. Eles preferem jogar a culpa na mulher", comenta. Já as reclamações femininas dizem respeito à ausência de desejo sexual e à dificuldade para atingir o clímax. Algumas, ainda, sofrem com vaginismo.
São muitos os motivos que se escondem por trás de uma disfunção sexual. Uma educação muito rígida e conservadora na infância, por exemplo, é capaz de levar uma mulher adulta a fingir o orgasmo durante anos, por simplesmente não conseguir se soltar ao ponto de atingi-lo naturalmente. Para os homens, o fato de ter vivenciado uma relação às pressas na adolescência, com medo de ser pego em flagrante pelos pais, pode gerar uma dificuldade imensa de conter a ejaculação. Há, ainda, fatores externos, como a cobrança social de um desempenho incrível na cama. Isso sem contar que os níveis elevados de preocupação com a aparência e o corpo vêm contribuindo de maneira intensa para que as mulheres se sintam inseguras e menos relaxadas no momento do ato.
As razões principais para ambos os sexos, porém, podem ter origem psicológica (estresse, desgaste no relacionamento afetivo, ansiedade, problemas na família ou no trabalho, medo de falhar) e de saúde (uso contínuo de algum remédio, depressão, doenças). "A resposta sexual é uma das primeiras funções do ser humano a ser abalada em momentos de crise", diz o urologista Celso Marzano, diretor do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática (Isexp).
Sentimentos em jogo
Ódio, revolta, tristeza, ressentimento. Essas são algumas das emoções negativas experimentadas por quem sofre de disfunção sexual. No estudo da Fiocruz, dos 65,6% dos homens que apresentaram DE, 56% admitiram ser tomados pela raiva ou amargura, 62% têm sentimento de culpa e 46% se sentem fracassados. Isso acontece porque muita gente se recusa a encarar o problema e conversar. Para o sexólogo Oswaldo Rodrigues, evitar o confronto só gera sofrimento e, pouco a pouco, afasta homens e mulheres. "Existem pessoas que se martirizam, caladas, aguardando que a outra tome uma decisão. É melhor debater as dificuldades e as possíveis soluções do que aguardar em silêncio e um dia chegar ao mesmo destino: a separação", pondera. Ele avisa que é preciso questionar, apontar o erro alheio e descobrir, juntos, se um apresenta o comportamento que o outro espera. Principalmente se o desajuste persistir por mais de três meses.
Uma pesquisa divulgada pela campanha Abra o Jogo. Converse, promovida pelo Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (SP) e apoiada pela Bayer HealthCare, revela que dois terços dos homens e das mulheres não conversam com seu parceiro sobre disfunção erétil porque não sabem como abordar o assunto. Por isso, muitos casais passam anos evitando falar do problema e adiando a busca por uma solução. O estudo foi realizado em sete países (Inglaterra, Alemanha, França, Espanha, Itália, México e Canadá) com mais de 1.200 pessoas, com homens de 18 a 70 anos com algum grau de DE, suas parceiras e médicos. O fato de que a primeira conversa traz alívio e revigora o relacionamento é uma das conclusões mais significativas. É justamente esse o mote da campanha - quebrar as barreiras da comunicação entre os homens, as mulheres e os médicos.
http://revistavivasaude.uol.com.br/Edicoes/0/artigo7816-2.asp
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