domingo, 7 de agosto de 2011

Camisinha não é mesmo a melhor das parceiras

Camisinha não é mesmo a melhor das parceiras
por ANTONINA LEMOS
AF

"Eu quero que eles usem camisinha sem broxar." A frase, escrita pela cantora Thalma de Freitas, 24, na música "Eu quero tanta coisa que eu não quero nem pensar", ilustra um conflito comum. De um lado, homens que assumem ter dificuldades em usar camisinha. Do outro, mulheres que reclamam da falta de "habilidade" dos parceiros e de negativas na hora de colocar o preservativo.

Usar a camisinha é um problema sério para muitos homens. A principal reclamação do músico Marcelo, 26, (o nome é fictício) é ter de interromper o ato sexual para colocar o preservativo. "É complicado, ou você broxa ou tem dificuldades para gozar", diz. Ele assume que muitas vezes transa sem camisinha. "Chego a torcer para que a mulher peça para eu usar, senão não uso mesmo."

O ator Ronaldo Oliva, 24, é outro que assume ter dificuldades em usar o preservativo. "Não tenho preconceito algum, gostaria de ter facilidade em usar, mas acho horrível", diz. Segundo ele, o principal problema é ter de interromper o ato para colocar a camisinha. "Se você está muito a fim, não tem problema algum, mas se você não está 100%, pode complicar." Ronaldo afirma que, mesmo assim, não transa sem camisinha. "Não dá para não usar, prefiro ficar sem transar do que deixar de usar camisinha", diz.

Segundo o psiquiatra Oswaldo Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade, a camisinha ainda é um tabu para muitos homens. "Eles já entram na relação achando que tudo vai dar errado, e aí acaba dando errado mesmo." Ele afirma que o problema está mais no "cérebro do que no pênis".

A cantora Thalma concorda. "O problema com a camisinha está mostrando para os homens que eles não são tão bem resolvidos sexualmente como pensam." Ela diz que vários homens já broxaram com ela por causa da camisinha. Thalma conta que costuma ficar frustrada quando o problema acontece. "Não adianta eles dizerem que diminui a sensibilidade, existem vários tipos de camisinha, isso é desculpa." Ela afirma que "nunca conheceu um verdadeiro apreciador das artes do sexo que broxasse com camisinha."

A produtora Márcia (ela prefere não se identificar), 26, acha que usar a camisinha feminina é uma boa forma de evitar o problema. "É uma boa alternativa", diz. "Vários homens já broxaram comigo por causa da camisinha, e isso é sempre horrível." Ela afirma que fica irritada cada vez que isso acontece. "Fico com a sensação de que levei gato por lebre, me sinto enganada", diz.

TREINAMENTO - Apesar de as informações sobre o contágio da Aids já estarem bem disseminadas, a resistência dos homens ao uso do preservativo ainda preocupa os especialistas. "Isso é um fato que ainda acontece bem mais do que a gente gostaria", diz Oswaldo Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade. Uma boa maneira de se adaptar à camisinha, segundo ele, é "treinar" usando o preservativo durante a masturbação.

O diretor do grupo Pela Vidda, Mário Scheffer, que trabalha com prevenção de Aids, também acha que muitos ainda tratam a camisinha como um tabu. O grupo realiza oficinas que procuram erotizar o uso da camisinha. "Tentamos mostrar que o preservativo pode não ser uma barreira, mas um apetrecho a mais na relação sexual."

"Estimular o uso da camisinha entre as pessoas que sabem da necessidade de usá-lo ainda é um desafio muito grande", diz. Isso pode ser feito, segundo ele, por meio da erotização da camisinha. "A camisinha pode ser mais ou menos atrativa dependendo da maneira como for usada."

"Não tenho preconceito algum em relação à camisinha, mas assumo que tenho certas dificuldades em usá-la. Mas eu gostaria de ter facilidade. Acho isso horrível. E não gosto dessa coisa de ficar falando que transar com camisinha é igual a chupar bala com papel. O problema é que fiquei muito tempo casado, sendo fiel e não usando. Quando me separei e comecei a ter de transar com camisinha, passei a achar meio estranho. Se você está com muito tesão, não tem problema. Mas muitas vezes complica.
http://www2.uol.com.br/JC/_1998/3008/br3008i.htm

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