Simon Campbell avalia o impacto social do Viagra 13 anos depois
Ciência e Tecnologia
qui, 18 de Agosto de 2011 03:40
Treze anos depois da aprovação do Viagra (Sildenafil) como o primeiro tratamento oral para a disfunção erétil masculina, o professor Simon Campbell, líder do grupo de pesquisadores que, outros 13 anos antes, iniciaram o programa que levaram à descoberta, fez uma breve avaliação do impacto causado pela droga na sociedade. “Acho que o Viagra tem causado um impacto bastante substancial ao combater a impotência erétil e ajudar os casais a eliminarem o estresse na relação sexual, além de contribuir para o diálogo mais franco sobre sexo em geral.
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O medicamento vem se mostrando particularmente efetivo em homens que sofreram lesão medular [a maioria é capaz de ter algum tipo de ereção]”.
Membro da Royal Society of Chemistry (Reino Unido), Simon Campbell foi um dos destaques do terceiro dia de aulas da ESPCA sobre “Produtos naturais, química medicinal e síntese orgânica”, proferindo a palestra “Ciência, Arte e Descoberta de Drogas – Uma perspectiva pessoal”. À vontade, procurou tranquilizar os usuários em potencial que ainda temem o Viagra porque provocaria problemas cardíacos. “O medicamento age apenas localmente, não tem efeito cardiovascular. É perfeitamente seguro tomá-lo. Obviamente, não é recomendável para quem acabou de sofrer um enfarte ou passar por um transplante, mas não há qualquer contraindicação para pessoas saudáveis”.
Apesar das respostas em inglês, Campbell entende bem o português, por conta da sua passagem pelo Brasil como professor visitante da USP, no período de 1969 a 1973. Logo em seguida, voltou ao seu país para ingressar na Pfizer Central Research, onde foi co-autor de mais de 120 publicações e patentes e elemento chave dos grupos de pesquisa que desenvolveram, além do Viagra, o Cardura e o Norvasc (o quarto medicamento mais vendido no mundo), indicados para hipertensão. “Hoje estou aposentado e não faço mais pesquisa. Quero apenas relaxar, gozar a vida e, aqui no Brasil, visitar os amigos”.
Simon Campbell concedeu esta rápida entrevista no coffee break entre as palestras do Nobel de Química Ei-ichi Negish e do jovem pesquisador americano Bradley Moore. A sua palestra seria a última da manhã e ele justificou o título associando ciência, arte e descoberta de drogas. “Em ciência, muitas vezes não conseguimos enxergar o alvo e procuramos imaginar como ocorre determinado efeito. São as pessoas que descobrem as drogas, não é um processo nem a automação. A melhor ciência é a da imaginação com arte e um toque pessoal”.
Nas comemorações do Ano Internacional da Química (AIQ 2011) em todo o mundo, prevalece a proposta de se tentar mudar a imagem da química, ainda associada a malefícios à saúde e prejuízos ao meio ambiente. Instigado a apresentar a sua defesa, Simon Campbell respondeu que não havia necessidade de fazê-la. “A química está à nossa volta, na comida, no jeans que vestimos, em nossos corpos. O que precisamos é mostrar para as pessoas a força da química, o que ela é capaz de fazer. ‘Chemical’, no que se refere a determinados materiais, pode ser uma denominação ruim; outra coisa é ‘chemistry’, enquanto ciência, uma denominação boa que ser a base de todo novo material do futuro”.
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